O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), minimizou o impacto da oferta de ministérios no apoio da Casa à nova CPMF e negou que esteja influenciando na indicação de nomes para ocupar pastas, mesmo tendo aliados na lista de sugestões apresentada nesta quarta-feira, 23, à presidente Dilma Rousseff.
“Não é dar mais ou menos ministérios que vai mudar a posição da Casa de aprovar a CPMF. Não podemos tratar desse jeito. Não comportamos mais impostos. É um imposto pernicioso”, disse Cunha.
O presidente da Câmara rompeu oficialmente com o governo em julho, após ser acusado pelo lobista Júlio Camargo de ter pedido propina de US$ 5 milhões no esquema de corrupção da Petrobras. Cunha negou a acusação e se disse vítima de uma articulação do governo para incriminá-lo. O parlamentar defende que o PMDB deixe a base do governo.
O peemedebista disse que o fato de a bancada de seu partido ter aceitado indicar ministros por 42 votos a nove não significa que a legenda optará por permanecer no governo, decisão que deve ser tomada em novembro, no congresso do PMDB. “Partido é uma coisa muito maior que bancada”, afirmou. “A bancada tem o seu direito. Aqueles que estão lá, estão votando com o governo, querem participar, têm o seu direito. Eu não comento, não falo, não me meto, não me intrometo”, disse Cunha
Reforma ministerial
Apesar de ter na lista de indicados pelos deputados peemedebistas ao menos dois nomes próximos a ele para ocupar ministérios, Cunha negou interferência. “Toda a bancada é próxima a mim”, afirmou. “Ali não tem um parlamentar contra mim, a não ser algum novo que, por uma conjunção qualquer, não possa ser favorável. A bancada é muito unida comigo”, afirmou.
Na relação de sete nomes apresentados pelo líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), à presidente Dilma Rousseff, na manhã desta quarta-feira, 23, há ao menos dois que são aliados próximos a Cunha. Um é o deputado Manoel Júnior (PB), que chegou a ser cotado para assumir a liderança do PMDB na Casa neste ano. O outro é o deputado Celso Pansera (RJ), apontado pelo doleiro Alberto Youssef, no âmbito da Operação Lava Jato, como “pau-mandado” do presidente da Câmara.
“Vai ficar sempre essa impressão de ser um nome ligado a mim, virou ministro e eu tenho alguma participação. Não tenho qualquer participação. Fui muito claro na minha posição. Defendo que o PMDB saia da base do governo. Se puder, sair logo. Sou contra o PMDB indicar ministros”, disse Eduardo Cunha.