Um dos principais protagonistas dentro do Congresso no debate do Marco Civil da Internet, o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), recebeu uma única doação na etapa inicial das eleições, originária justamente do setor de telecomunicações. A empresa Telemont, cuja principal atividade econômica é a construção de estações e redes de telecomunicações, contribuiu para a campanha do peemedebista com R$ 900 mil, segundo a primeira prestação de contas divulgada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e tornada pública ontem. O repasse foi feito via diretório estadual do PMDB.
Durante as discussões em torno do Marco Civil da Internet, considerado “a Constituição da rede”, Eduardo Cunha foi defensor dos interesses das teles, que, dentre outros pontos, não aceitavam o modelo de neutralidade da rede proposto pelo relatório do petista Alessandro Molon (RJ).
A neutralidade é o princípio segundo o qual os provedores de internet não podem oferecer preços diferenciados de acordo com o tipo de serviço acessado, como e-mails ou vídeos. Ao final, a redação convertida em lei garantiu que as companhias poderiam ter cobranças diferenciadas para a velocidade do serviço e pelo volume de dados utilizado. Com sede em Minas Gerais, Telemont divulga na internet ter entre seus clientes as principais empresas de telefonia e de serviços de internet que atuam no Brasil, entre elas Claro, Oi, Telefonica/Vivo, Tim, Embratel, Intelig e GVT.
Procurado, o deputado disse que, como recebeu a quantia pelo PMDB fluminense, “nem conhece a empresa”. “Foi uma doação partidária”, afirmou. “Não vejo nada de mais”. Ele destacou ainda que a doação não é das operadoras e sim de uma empresa apenas presta serviços de montagem para elas. A Telemont não se manifestou até o início da noite desta quinta-feira.