José Orestes Fonseca, cunhado do presidente Jair Bolsonaro (PL), comprou em dinheiro uma casa em terreno com quase 20 mil metros quadrados no interior de São Paulo, no valor de R$ 2,67 milhões. A compra do imóvel em Cajati foi feita em dinheiro e ocorreu em 2018.
A informação foi revelada pelo portal de notícias <i>UOL</i>, que mostra que quase metade dos imóveis do clã Bolsonaro foi adquirido com dinheiro em espécie nas últimas três décadas. O de José Orestes é o mais caro deles.
No passado, o terreno abrigava a casa de visitantes da Bunge Fertilizantes, empresa pioneira na exploração de minério de fosfato. Luxuoso, o imóvel recebia executivos da multinacional. Antes de ser comprada pelo cunhado do presidente, a área era responsabilidade da Vale.
Além de uma série de reformas na construção original, os novos moradores construíram uma segunda casa. Nela, há quadras esportivas, área de lazer e um clube de tiro particular. Criado em 2020 por Orestes, em sociedade com os dois filhos, o clube ainda não consta entre os registrados pelo Exército.
De acordo com o portal <i>UOL</i> José Orestes não foi localizado para falar sobre a compra. Segundo um dos filhos dele, citado pela reportagem, a família não iria se manifestaria. O presidente Jair Bolsonaro também não respondeu aos questionamentos do portal de notícias.
<b>Dinheiro vivo</b>
Conforme o levantamento do <i>UOL</i>, desde os anos 1990, irmãos e filhos de Bolsonaro negociaram 107 imóveis. Do total, ao menos 51 foram comprados total ou parcialmente com uso de dinheiro vivo. As compras somam R$ 13,5 milhões.
A reportagem indica que desde que chegou à política, na década de 90, o patrimônio de Bolsonaro se multiplicou em seus diferentes núcleos familiares. Até 1999, a família adquiriu 12 imóveis. Entre vendas e novas aquisições, neste ano, o clã segue proprietário de 56 dos 107 imóveis transacionados nas últimas décadas.
<b> Rachadinha </b>
Pelo menos as compras de 25 dos imóveis ocorreram de forma a suscitar investigações do Ministério Público do Rio e do Distrito Federal, de acordo com a apuração do site. Esse grupo é composto por aquisições e vendas dos filhos e das ex-mulheres do presidente – não necessariamente com dinheiro vivo.
Entre essas, o inquérito das "rachadinhas" (desvio de salário de assessores) do senador Flávio Bolsonaro. Em maio, o Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ) aceitou o pedido do Ministério Público e rejeitou a denúncia por peculato, organização criminosa e lavagem de dinheiro oferecida contra ele.
No entanto, com a decisão, o MP diz que poderá recomeçar as investigações sobre o caso, com a coleta de novas provas, com base no primeiro relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Esse documento apontou movimentação atípica de R$ 1,2 milhão em uma conta no nome de um ex-assessor de Flávio Fabrício Queiroz, entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017. A movimentação atípica que deu origem à investigação sobre as "rachadinhas" foi revelada pelo <b>Estadão</b>.
Como também mostrou o jornal, em março do ano passado, transações com imóveis foram alvos privilegiados do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) nas investigações envolvendo o parlamentar. Promotores suspeitavam que o filho Zero Um do presidente usava transações imobiliárias para lavar dinheiro ilegal repassado pelos funcionários "fantasmas".