Curador do Prêmio Jabuti, um dos mais prestigiosos da literatura brasileira, Pedro Almeida causou polêmica neste domingo, 24, ao escrever um post em seu perfil no Facebook em que minimizava as mortes pelo coronavírus. Almeida, que é editor da <i>Faro</i>, começou seu texto com a frase "Alguém está mentindo para você" e passou a questionar os números da covid-19 e a comparar o número de mortes este ano e no ano passado. Ele apagou o post quando a repercussão negativa começou, dizendo que fez isso motivado pela patrulha.
Nesta segunda-feira, 25, ele fez nova postagem em que pedia desculpas pelas informações erradas que compartilhou e fazendo uma "retratação", título de seu texto. Leia a seguir na íntegra.
"Fiz um post com dados incorretos; errei por acreditar que eram corretos. Assim que amigos me avisaram disso, apaguei o post. Não desejava colocar inverdades e, como jornalista, sempre confiro antes de divulgar. Mas apostei na fonte".
"Lamento profundamente todas as mortes por COVID-19. Tenho amigos que perderam parentes por conta dessa pandemia, dei toda a minha solidariedade e afeto a todos eles na época em que essas perdas aconteceram. Uma amiga perdeu o pai e é muito próxima a mim. Ela sabe que nunca desprezei essas mortes e foi a primeira a me dar apoio quando as redes começaram a discutir meu post, pois sabia que o sentido que ele ganhou não foi o mesmo de quando o escrevi".
"Foi criado um manifesto afirmando que sou contra o isolamento. Está equivocado. Não sou contra o isolamento, não nego o vírus nem seu potencial. Ao contrário, me preocupo com ele e recomendo a todos que mantenham o distanciamento social o máximo que puderem, e sigam as recomendações das autoridades médicas para a devida higienização neste período tão angustiante e preocupante".
"Em nenhum momento, neguei a necessidade de isolamento, mas descobri que há muita gente que não tem como fazer essa escolha. E resolvi fazer algo. Quem me acompanha nas redes sociais sabe que tenho tomado todos os cuidados e seguido todos protocolos para realizar esse trabalho com segurança, porque considero imperioso enfrentar a COVID 19 com solidariedade e empatia. Desde o início da quarentena decretada em São Paulo, tenho dedicado vários dias por semana a distribuir refeições, cestas básicas, produtos de higiene, agasalhos e cobertores a moradores de ruas, de albergues, favelas, prostitutas, travestis, crianças de rua, detentos recém-libertados fora de sua cidade de origem. Sou testemunha participante de que enfrentamos uma situação desesperadora para quem não tem condições de moradia ou reserva financeira".