Pesquisa atualizada da Fiesp compara preços internos de produtos da indústria brasileira com produtos importados de países parceiros, emergentes e desenvolvidos
O chamado Custo Brasil, termo que se refere ao conjunto de entraves estruturais que encarecem a produção industrial local, contribuiu para que mercadorias produzidas pelo setor manufatureiro brasileiro ficassem 33,7% mais caras que produtos importados de países parceiros, ou seja, nações como a Alemanha, Argentina, Chile, França, e outras, que corresponderam a mais de 70% da pauta de importados no ano passado.
Os dados fazem parte da versão atualizada da pesquisa Custo Brasil e a Taxa de Câmbio na Indústria de Transformação 2013, elaborada pelo Departamento de Competitividade e Tecnologia (Decomtec) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Descontando efeitos como a valorização cambial, o Custo Brasil encareceu os produtos produzidos por indústrias brasileiras em 23,4% com relação os produtos importados dos países parceiros.
No relatório da nova pesquisa, o Decomtec listou algumas razões pelas quais a valorização cambial prejudica a expansão da indústria e, consequentemente da economia.
“A valorização cambial provoca redução do preço de produtos importados, tal redução é mais significativa que a ocorrida no custo de produção da indústria de transformação nacional, uma vez que a maior parte da sua estrutura de custos é insensível a variações da taxa de câmbio”, apontou o estudo.
Segundo o Decomtec, a apreciação do Real ainda desestimula o investimento “produtivo no mercado interno”.
Na comparação com os países desenvolvidos, o diferencial de preços de um produto produzido no Brasil para um produto importado é de 29,9%. No caso dos emergentes, o diferencial do custo é de 36,9%.
A pesquisa apurou ainda que o custo de produto manufaturado no Brasil é 32,3% superior ao custo de uma mercadoria da China.
O Departamento de Competitividade e Tecnologia da Fiesp concluiu que as alíquotas do imposto de importação são “insuficientes” para derrubar a desvantagem de competição da indústria de transformação brasileira.
“O Custo Brasil e a valorização cambial explicam o fraco desempenho da indústria de transformação, repercutindo em baixo nível de investimento e crescimento do PIB, muito aquém do necessário para o desenvolvimento da nação”, informou o estudo. “A análise comprova que as deficiências do ambiente de negócios não podem ser compensadas por melhorias nas estratégias empresariais”.