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Custo envolvendo assassinato de jovens no Brasil equivale a 1,5% do PIB

Mais do que uma tragédia social, a alta taxa de homicídios de jovens no Brasil também tem reflexo econômico. Segundo os pesquisadores que elaboraram o Atlas da Violência no Brasil 2017, divulgado nesta segunda-feira, 5, o custo envolvendo o assassinato de jovens entre 15 e 29 anos equivale a 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do País, mesmo valor aplicado em políticas de segurança pública.

O estudo apontou que, em 2015, o Brasil registrou 50.080 assassinatos. “É como se caísse um Boeing 737 todos os dias no Brasil”, comparou Samira Bueno, diretora executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).

Do total de mortos naquele ano, 31.264 eram jovens e adolescentes, o que faz com que a média de assassinatos na população jovem seja o dobro da média nacional. Na série histórica entre 2005 e 2015, 318 mil jovens e adolescentes foram vítimas de homicídio no Brasil.

A população negra é a mais afetada pela violência. “A gente sabe que a violência tem cor também. O negro é o que está mais vulnerável. De cada 100 homicídios no Brasil, 71 são de negros”, apontou Samira. “Tem outro fator: a taxa de homicídios entre não negros caiu 12,2%, enquanto que a de negros aumentou 18,2%.”

Entre mulheres, a diferença é ainda maior. “Em 2015, 4.621 mulheres foram assassinadas, não necessariamente por feminicídio”, destacou a diretora do FBSP, alertando para o crescimento do número de mortes entre mulheres negras. “Entre 2005 e 2015, a taxa de homicídios de mulheres não negras diminui 7,4%. Já entre as mulheres negras, cresceu 22%.”

Armas de fogo

Durante a apresentação do estudo, conduzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o pesquisador Daniel Cerqueira apontou a prevalência do número de armas de fogo nos casos de homicídio.

Cerqueira apresentou um slide com a mesma arte utilizada pelo Ministério Público Federal do Paraná em uma das denúncias contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele colocou a inscrição “arma de fogo” em um círculo no centro do slide, com diversos outros círculos tipificando crimes apontando para o centro. A semelhança não parou por aí.

“Aí, vocês vão me perguntar: isso é só convicção? Não, nós temos provas”, afirmou.

O pesquisador citou estudos internacionais que fazem apontamentos sobre a relação entre armas de fogo e assassinatos e fez um paralelo com os dados levantados no Atlas da Violência.

“Não por coincidência que os Estados em que têm maior prevalência de armas de fogo são também os que tiveram os maiores índices de homicídios”, considerou.

Para ele, a redução nos índices de violência passa por políticas de segurança efetivas. “Quando existem governos comprometido com a segurança pública, mas não baseada no achismo, e, sim, no método, temos boas perspectivas”, destacou.

Ele citou os casos de Pernambuco e Espírito Santo, que chegaram a ter períodos de redução nos índices de assassinato. Depois, citando o motim da Polícia Militar capixaba em fevereiro, período que registrou quase 200 assassinatos em menos de três semanas, lamentou. “Isso só mostra a fragilidade das ações que vêm sendo feitas no País.”

Para Samira Bueno, é necessária uma maior presença do governo federal na área de segurança. “A gente não vê outra saída que não um protagonismo da União em políticas de segurança pública, sobretudo voltadas aos homicídios.”

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