A Central Única dos Trabalhadores (CUT) informou nesta segunda-feira, 6, por meio de sua assessoria de imprensa, que não faz parte da Coalizão Indústria-Trabalho anunciada hoje em um movimento liderado pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). Segundo a assessoria, a CUT enviou um e-mail à presidência da Abimaq em 27 de março avisando que não participaria do ato e que não autorizava o uso do nome e do logo da entidade.
O material enviado à imprensa, com os detalhes do evento, citava a participação da CUT. Na coletiva de imprensa na tarde de hoje, o presidente da Abimaq, Carlos Pastoriza, disse que a CUT estava na coalizão e que não sabia o motivo da ausência de representantes da central no evento. “A CUT faz parte da coalizão, não sei por que não estão aqui. Perguntem a eles”, afirmou Pastoriza.
Contatado pela reportagem, Pastoriza admitiu que houve um erro na comunicação do evento. Pastoriza ressaltou que, no início das negociações para a coalizão, houve a participação de dirigentes da CUT e pessoas ligadas ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, um dos mais importantes da central. “Isso pode ser fruto de um desentendimento interno deles também”, disse o presidente da Abimaq ao Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência EStado.
O secretário-geral da confederação nacional dos metalúrgicos da CUT, João Cayre, confirmou a reportagem que houve pessoas ligadas à CUT, mas apenas na primeira reunião sobre essa mobilização. Ele disse que a entidade estava preocupada com a situação da Petrobras e o efeito cascata sobre a indústria. “Depois da primeira reunião, decidimos não ir mais, até porque as conversas com o governo passaram a caminhar”, afirmou. Cayre disse também que houve incômodo com a presença na primeira reunião de “um certo deputado” – em referência a Paulo Pereira da Silva (SD-SP), o Paulinho, que tem criticado o governo abertamente e apoiado as manifestações de rua contra Dilma.
A CUT tem feito manifestações paralelas – mais uma está marcada para amanhã, 7, em todo o País – com críticas aos ajustes fiscais e a restrições de benefícios trabalhistas, mas fazendo uma defesa do legado petista e “da democracia”, em um contraponto aos clamores por impeachment de Dilma por algumas parcelas da sociedade. “Se é pra fazer partidarização do movimento, temos que discutir em outro lugar”, disse Cayre sobre a participação de Paulinho.
Nesta segunda-feira, Paulinho apareceu de surpresa no evento e discursou, quebrando o protocolo de um ato classificado pelos organizadores como “apartidário”. Paulinho não chegou a citar Dilma, mas fez críticas diretas ao governo. Houve também distribuição de panfletos do Solidariedade chamando para as manifestações contra o governo no domingo, 12.
O evento de hoje reuniu ao menos 39 entidades industriais e três centrais – Força Sindical (ligada a Paulinho, que é presidente licenciado da entidade), União Geral dos Trabalhadores (UGT) e Central Geral dos Trabalhadores Brasileiros (CGTB). Eles lançaram a coalizão e um manifesto que alerta o governo e a sociedade sobre o que classificam como processo de desmonte da indústria de transformação.