A presença de inspetores e procuradores da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) na operação conduzida pela Polícia Federal em escritórios da JBS tem como objetivo colher elementos para subsidiar os dois inquéritos abertos em 19 de maio para investigar as suspeitas de uso de informação privilegiada nas operações da companhia no mercado futuro e venda de ações da companhia às vésperas da delação de seu sócio controlador Joesley Batista.
Esse tipo de operação busca munir a autarquia de documentos que ajudem a esmiuçar como, por que e por quem foram realizadas as operações que, em uma análise superficial, aparentam ser atípicas. É mais um passo na investigação que a abertura dos inquéritos – em lugar da formulação de uma acusação direta – revela ser necessária para a conclusão de que as operações foram de fato irregulares.
A cooperação entre a CVM e a Polícia Federal ocorre desde 2010, quando as instituições celebraram acordo de cooperação. Batidas como a que ocorre nesta sexta na JBS já foram realizadas em outras investigações. Foi o caso da Operação Miqueias, detonada em 2013 para desarticular organizações criminosas que atuavam em crimes de lavagem de dinheiro e também com fundos de pensão de servidores municipais, e a própria Operação Greenfield, que buscava irregularidades em investimentos de Previ, Petros e Funcef, no ano passado.
Em 2011, a PF e a CVM fizeram ação para busca e apreensão na Mundial, em Porto Alegre, para investigar oscilações de preços e volume de negociação de suas ações, em episódio que ficou conhecido como “a bolha do alicate”.
Em comunicado, a CVM informa que o inquérito policial foi instaurado no mesmo dia 19, após a PF ter conhecimento da instauração de cinco processos administrativos pela autarquia para apurar esses fatos. No mesmo dia um ofício foi enviado pela Superintendência Geral da Autarquia comunicando indícios de crime de uso de informação privilegiada ao Ministério Público Federal.