A Executiva Nacional do PSOL decidiu suspender o deputado federal Cabo Daciolo (RJ), retirando dele o direito de representar a legenda, de fazer aparições públicas ou declarações em nome do partido e de participar de reuniões da bancada. O processo de infidelidade partidária será analisado pela Comissão de Ética Nacional. O Diretório Nacional deve decidir pela expulsão de Daciolo em 16 de maio. Daciolo não foi localizado pela reportagem para comentar a suspensão.
“A possibilidade de expulsão do partido é muito grande. A posição unânime no PSOL é que os últimos fatos são gravíssimos. Ele tem muito potencial como parlamentar, mas suas atitudes têm vindo de encontro ao que o partido defende”, disse Luiz Araújo, presidente nacional do PSOL.
Daciolo contrariou o partido ao protocolar na quarta-feira Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que altera a redação do parágrafo único do artigo 1.º da Constituição Federal, para declarar que “todo poder emana de Deus”. O texto original diz que “todo poder emana do povo”.
“A legitimidade do povo para votar e exercer a cidadania conquistada através do instrumento da democracia não exclui a autoridade de Deus sobre as nossas vontades e desígnios. Se Deus pode nos proteger de algum mal, logo subtende-se que o poder está em suas mãos”, afirma Daciolo na justificativa da PEC.
Amarildo
Daciolo criou outra polêmica com o PSOL ao afirmar ser ilegal a prisão preventiva dos policiais militares acusados da tortura, assassinato e desaparecimento do pedreiro Amarildo de Souza em 2013, no Rio. “Vinte e cinco militares respondendo por um crime que não cometeram. Quero deixar bem claro, vamos solicitar a presença do Direitos Humanos da Presidência da República”, disse o deputado em discurso na Câmara em 19 de março.
No primeiro mandato parlamentar, Benevuto Daciolo Fonseca dos Santos, de 38 anos, é evangélico. Ele liderou a greve dos bombeiros em 2011 no Rio.