Dados confirmam a avaliação do Banco Central Europeu (BCE) de pronunciado impacto de curto prazo da pandemia de covid-19 na economia da zona do euro e de contínua fraqueza da inflação, segundo ata da reunião de política monetária de 21 de janeiro.
Dirigentes do BCE, porém, também destacam no documento, publicado nesta quinta-feira, que há sinais de melhora na perspectiva global, diante do bom desempenho econômico da China, adoção de estímulos fiscais nos EUA e a possibilidade de que o governo americano lance mais um pacote fiscal trilionário.
Ainda na ata, os dirigentes expressam preocupação com o lento ritmo de implementação do fundo de resgate da União Europeia (UE) e ressaltam os altos níveis de poupança e a demanda reprimida.
Também no documento, o BCE aponta que uma alta sustentável dos juros reais pode reduzir rapidamente a relativa atratividade das ações e que rendimentos nominais não são uma métrica apropriada para avaliar condições financeiras, uma vez que podem subir em função de uma perspectiva econômica melhor e de expectativas de inflação mais alta.
A instituição diz ainda que nem toda alta dos juros nominais deve ser interpretada como aperto das condições monetárias.
<b>Apoio monetário é essencial</b>
Dirigentes do BCE avaliam que "amplo apoio monetário" continua sendo essencial para preservar condições financeiras favoráveis para todos os setores da economia da zona do euro durante a pandemia de covid-19, segundo ata da reunião de política monetária de 21 de janeiro. No documento, o BCE também aponta que uma ambiciosa postura de coordenação com políticas fiscais permanece sendo crítica, diante da forte contração da economia do bloco.
No encontro do mês passado, em que o BCE manteve sua política inalterada, os dirigentes concordaram que os riscos na zona do euro apontam para o negativo, mas de forma menos pronunciada, e apontaram que a melhor perspectiva da economia global, campanhas de vacinação e o acordo comercial pós-Brexit entre Reino Unido e União Europeia são "encorajadores".
Por outro lado, os dirigentes ressaltaram que a pandemia e seus efeitos econômicos financeiros continuam gerando riscos e que o cenário de curto prazo na zona do euro é desafiador com o surgimento de variantes potencialmente mais contagiosas do coronavírus.
<b>Riscos ao PIB</b>
Dirigentes do BCE avaliam que a intensificação da pandemia de covid-19 impõe riscos ao Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro neste primeiro trimestre do ano, mas estão cautelosamente otimistas de que a economia poderá se recuperar ao longo de 2021, segundo ata da reunião de política monetária de 21 de janeiro.
No documento, publicado nesta quinta-feira, o BCE diz que o mercado financeiro segue positivo, diante das amplas medidas monetárias e fiscais adotadas durante a crise.
Os dirigentes também dizer estar atentos aos movimentos da taxa de câmbio do euro, que podem ter implicações para a inflação no médio prazo, de acordo com a ata. Eles destacam ainda que é importante monitorar o recente aumento nos juros de ativos livres de risco e avaliar o impacto da alta dos juros de títulos no cenário de inflação.