Os detalhes divulgados pelo governo do Estado de São Paulo para a oferta de privatização da Sabesp mostram que a administração estadual se estruturou bem para o evento, avalia Percy Soares Neto, consultor e ex-diretor executivo da Associação e Sindicato Nacional das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto (Abcon). Segundo ele, essa percepção pode ajudar a atrair interesse do investidor privado.
A expectativa é que a oferta movimente cerca de R$ 16 bilhões, conforme as premissas publicadas no documento de apresentação da transação, divulgado na noite de ontem. O governo espera concluir a operação em 22 de julho.
"Me chamou a atenção na apresentação de ontem a data do cronograma bem definido para cada etapa da operação. O Estado se organizou bem para a operação e certamente isso deve atrair os investidores. Mas vamos aguardar as apresentações que o governador Tarcísio de Freitas está fazendo em Nova York", afirma.
O especialista destaca o mecanismo que dá permissão para que o investidor de referência que apresentar melhor book (preço e quantidade de ações) tenha o chamado "right to match" (direto de equiparar).
Ele lembra que o dispositivo foi apresentado de última hora, mas diz que ainda é cedo para avaliar como as empresas vão interpretá-lo. "Quem se beneficia com isso? Quem dos competidores vê com melhores olhos o mecanismo colocado?", questiona Soares.
Na avaliação do ex-diretor associação de empresas privadas do setor, a privatização da Sabesp será um marco para o mercado na área de saneamento básico no Brasil, já que há poucas empresas do setor com capital aberto e sem controle estatal.
Soares lembra que muitas pessoas compraram ações de empresas de saneamento como, por exemplo, da Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais), esperando por este momento de privatização das empresas do setor à espera de uma potencialização nos papéis, mas com dúvidas se o mercado realmente estava sabendo precificar suas ações.
Sobre um possível processo de judicialização da operação, Soares lembra que "nunca passamos por um processo de privatização sem judicialização. Faz parte do jogo. Sempre tem o recurso do judiciário para quem não se organizou a tempo ou para quem não teve tempo para se organizar", disse.