Dados do mercado de trabalho dos Estados Unidos acima do esperado reforçaram nesta quinta-feira que a retomada econômica está em andamento, realimentando o bom humor dos investidores que já era notório desde a quarta-feira devido à esperança com o desenvolvimento de uma vacina para combater a pandemia do novo coronavírus. O otimismo deixa em segundo plano, pelo menos por ora, preocupações acerca de uma nova onda por covid-19, sobretudo nos EUA, e dá força ao Ibovespa. Em meio a esse otimismo, rompeu a resistência dos 97.500 pontos. Às 11h14, subia 1,37%, aos 97.518,36 pontos, após fechado a quarta aos 96.203,20 pontos, em alta de 1,21%.
Em junho, houve a geração de 4,8 milhões de empregos no país, ante previsão de 3,7 milhões. A taxa de desemprego caiu 11,1% no mês passado, em relação à projeção de 12%. Já os novos pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos tiveram queda de 55 mil na semana encerrada em 27 de junho, para 1,427 milhão, ficando acima do esperado (1,38 milhão).Os pedidos da semana anterior foram ligeiramente revisados para cima, de 1,48 milhão para 1,482 milhão.
Esses dados, sem dúvida, deram força para romper esse nível, diz Luiz Roberto Monteiro, operador de mesa institucional da Renascença, acrescentando que a tendência é dar continuidade a futuros avanços, como a conquista da marca dos 100 mil pontos. A última vez que fora registrada foi em 6 de março (102.230,50 pontos, na máxima).
O estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus, recorda que a revisão da pesquisa da ADP, divulgada na quarta, de queda para criação de vagas no setor privado dos EUA em maio, já deu um respiro aos mercados. "A ADP já trazia a expectativa de que o payroll seria muito bom. O resultado deve motivar bastante hoje. Até parece que os problemas acabaram, mas sabemos que não é bem por aí", afirma.
O bom humor ainda é reforçado por avanços nas pesquisas de vacinas para combater o novo coronavírus e que há havia resgatado esse sentimento na véspera, fazendo o Ibovespa iniciar o segundo semestre em alta. Ontem, fechou em elevação de 1,21%, aos 96.203,20 pontos. "O mercado parece que coloca uma venda nos olhos, só vê o copo meio cheio. Apesar de ser uma ótima noticia essa questão da vacina, sendo otimista, só deve chegar à população em janeiro", alerta o estrategista. "De todo modo, os dados de emprego vieram bons, mesmo, reforçando que há contratação", diz, citando a queda de 1,27% no salário médio por hora nos EUA.
Dúvidas a respeito da evolução da atividade econômica brasileira devem continuar no radar dos investidores, sobretudo neste momento em que o aumento de casos por covid-19 no Brasil ainda não se estabilizou e as mortes superaram 60 mil ontem, ficando atrás somente dos Estados Unidos tanto em vítimas quanto em diagnóstico. Nos EUA, há registros de crescimento no número de infectados e vários Estados estão suspendendo ou adotando novas medidas de isolamento social para impedir uma segunda onda pela pandemia e evitar retrocesso na retomada. Ontem, na ata, o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) renovou o compromisso de apoiar a economia.
Apesar da cautela relacionada ao avanço de casos por covid-19 no Brasil, o investidor também tem algumas notícias e dados considerados positivos. Nesta manhã, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a produção industrial subiu 7,0% em maio ante abril. O resultado superou a mediana de 6,15% das estimativas (-1,50% a alta de 12,20%) na pesquisa do <b>Projeções Broadcast</b>, de 6,15%. "Tudo o que é positivo e fica acima do esperado é bem visto", diz Monteiro.
Já o governo federal busca uma agenda positiva . O Ministério da Infraestrutura quer realizar ainda neste ano mais 14 leilões, sendo três deles concessões e 11 arrendamentos portuários. Entre as concessões planejadas, está a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), cujo edital deve ser publicado até o fim do 3º trimestre, segundo a pasta. O balanço divulgado nesta quinta-feira pelo ministério também conta com os leilões da BR-153/080/414, entre Goiás e Tocantins, e da BR-163/230, entre Mato Grosso e Pará.