Os juros futuros tiveram alívio no período da tarde desta segunda-feira, quando bateram mínimas em vários contratos, mas ainda assim a curva fechou com leve ganho de inclinação. As taxas curtas ampliaram a queda e as demais zeraram a alta para encerrarem perto da estabilidade. O principal gatilho para a melhora veio com a divulgação das contas do governo central, com déficit menor do que o consenso, suavizando a percepção de risco fiscal. Na sequência, houve a nota de esclarecimento da Febraban, lida como uma tentativa de amenizar o desconforto trazido pelo manifesto pela harmonia dos Três Poderes, que levou Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal a decidirem deixar a entidade.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 8,395%, de 8,45% no ajuste de sexta-feira e a do DI para janeiro de 2025 caiu de 9,355% para 9,33%. O DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa de 9,72%, de 9,713%.
O economista-chefe da Greenbay Investimentos, Flávio Serrano, explica que os números do Governo Central ajudaram não somente a ponta longa, mais sensível ao risco fiscal, mas também os DIs curtos. "Se o fiscal melhora, melhora o balanço de riscos (da inflação)", disse. O Governo Central teve déficit de R$ 19,829 bilhões em julho, menor do que apontava a mediana das expectativas, de saldo negativo de R$ 25,750 bilhões.
Após uma sexta-feira de forte alívio nos prêmios de risco patrocinado pelo discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, o dia começou com oscilação moderada das taxas e o mercado avaliando o noticiário pesado do fim de semana. Às preocupações com as manifestações em 7 de Setembro, somou-se a repercussão negativa do manifesto com um pedido de harmonia entre os três Poderes, articulado pela Fiesp e do qual a Febraban é signatária.
Em represália, a Caixa e o Banco do Brasil, que têm uma participação gorda na receita da entidade, decidiram deixar a Febraban, que, por sua vez, tentou explicar nesta segunda, em nota, que o texto buscava harmonia e não atacar o governo ou fazer oposição à política econômica. Diante do mal-estar, a Febraban vai recomendar um ajuste no documento, segundo apurou o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.
Ao mesmo tempo em que ainda há muito prêmio a ser devolvido na curva, também há muita incerteza no cenário que pode limitar a continuidade do alívio nos próximos dias. Amanhã, tem de ser enviado ao Congresso o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2022, mas o mercado aguarda uma definição sobre a questão dos precatórios. O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse concordar em encaminhar uma solução pelo Judiciário, que segundo ele, é mais rápida e efetiva.
Há compasso de espera também pelo reajuste da bandeira vermelha 2, aguardado a qualquer momento para que haja tempo de vigorar já em setembro. A semana reserva ainda o PIB do segundo trimestre, na quarta, para o qual a mediana das estimativas é de alta de 0,2% na margem, ante expansão de 1,2% no primeiro trimestre. Na sexta-feira, tem o payroll americano de agosto.