Em círculo, batucando e gritando, cerca de 200 pessoas participaram na noite desta sexta-feira, 21, no vão do Masp, do evento que tinha a pretensão de ser a “maior dança da chuva do mundo”. A coreografia, que envolvia batucadas em baldes, giros e gritos de “chuva”, foi ensaiada antes da apresentação final, com coordenação do publicitário Leonardo Arcoverde, de 34 anos.
Às 19h25, ele anunciou com um megafone que a dança ia começar “para valer”. Crianças, jovens e senhoras e senhores caminharam em círculo por 13 minutos, alguns empunhando guarda-chuvas e outros com pintura indígena no rosto.
A tentativa de entrar para o livro dos recordes, o Guiness Book, não alcançou a marca de 391 participantes de uma dança da chuva realizada na Irlanda.
“A quebra do recorde era secundária. O principal objetivo era fazer um projeto social que chamasse a atenção para a crise de falta de água. Não tinha nenhuma conotação partidária, por isso chamamos todos a virem de branco”, explicou um dos coordenadores da ação, Eduardo Lunardi, de 24 anos, também publicitário. Nem todo mundo vestia branco, mas, de fato, não havia identificação partidária.
Até índio participou da brincadeira. Altukumã, de 21 anos, porém, destacou que o ritual, originalmente, tem de ser conduzido pelos mais velhos da tribo porque eles têm mais poder de chamar chuva. “Pode chover até um mês sem parar”, afirmou, sobre o poder dos anciãos.
Gritos de comemoração como se fosse a um gol surgiram às 20h10, com os primeiros pingos. Embora fraca, a chuva empolgou os presentes. “A situação está tão crítica que só mesmo uma dança da chuva para nos salvar”, brincou o estudante Felipe, de 24 anos, que não quis revelar o sobrenome.