O dólar teve a segunda semana seguida de queda e caminha para fechar novembro com baixa mensal de 7%, a maior em dois anos. Fluxos de capital do exterior foram o principal fator a retirar pressão do câmbio no Brasil e outros emergentes. Cálculos preliminares do Instituto Internacional de Finanças (IIF), formado pelos 500 maiores bancos do mundo, mostram os maiores volumes este mês desde o começo de 2012. Já a situação fiscal no Brasil não teve nenhum progresso este mês e profissionais das mesas de câmbio comentam que a partir de segunda-feira, após o segundo turno das eleições municipais, a expectativa é de algum avanço.
A sexta-feira foi novo pregão de liquidez muito fraca no mercado doméstico, por conta da sessão também com poucos negócios hoje nos Estados Unidos, com Wall Street funcionando por horário reduzido e os maiores investidores fora do mercado. O dólar teve um dia volátil, mas oscilando em margens mais estreitas, terminando em queda de 0,18%, aos R$ 5,3256, novamente reflexo do fluxo de entrada. No mercado futuro, o dólar para dezembro, que vence na segunda-feira, dia da tradicional disputa pela definição do referencial Ptax, fechou em alta de 0,13%, a R$ 5,3440.
O analista do Canadian Imperial Bank of Commerce (CIBC), Luis Hurtado, lembra que o dólar chegou a testar os R$ 5,80 na última vez que o governo sinalizou aumento de gastos para programas sociais. Depois a situação se acalmou, com Jair Bolsonaro jogando o tema para depois das eleições. "Esperamos que este risco fiscal permaneça em jogo no restante de 2020", avalia ele. No cenário externo, as notícias positivas sobre as vacinas contra o coronavírus e a definição das eleições americanas favorecem o aumento de posições mais arriscadas na América Latina", ressalta ele.
No exterior, o dólar caiu hoje ante divisas fortes, mas subiu em alguns emergentes pares do Brasil, como o México (+0,30%) e África do Sul (0,31%), mas nos últimos dias a queda foi generalizada. Para os analistas do banco Western Union Adam Ma e Steven Colangelo, o dólar termina a semana acumulando baixa quase que geral, ainda refletindo a busca por ativos de risco desencadeada pelas várias notícias positivas sobre a vacina para a covid, algumas surpreendendo pelo timing.
"A vacina é um estímulo positivo para a demanda global e os preços das commodities", observam os analistas do IIF em relatório. Como reflexo, contribuíram para a valorização nas últimas semanas das moedas de emergentes e exportadores de matérias primas. Mesmo assim, observam que o dólar acumula alta de 33% no Brasil, sendo o real uma das divisas mais desvalorizadas entre as principais emergentes.