Muito embora em queda forte nesta quarta-feira, que se acentuou na parte da tarde, o dólar encerra o mês de março praticamente no zero a zero, avanço de 0,41%. Entretanto, no primeiro trimestre a evolução foi de 8,48%, começando o ano no segmento à vista cotado a R$ 5,2681 para fechar o dia a R$ 5,6286 (recuo de 2,31%). No meio deste caminho encontrou o pico na casa dos R$ 5,80 no intraday.
O movimento na sessão de negócios desta quarta-feira esteve bastante alinhado com o de divisas de pares emergentes que ganharam força ante a moeda norte-americana, ainda que os juros dos títulos do governo norte-americano apontassem alta – o rendimento dos treasuries com vencimento em dez anos chegou a 1,74590%. O real foi o que mais se valorizou na comparação com uma cesta de 34 moedas.
Para especialistas em câmbio, também houve certo alívio nas tensões políticas, a despeito do troca-troca ministerial, mas com a percepção de que o Congresso ganha força sobre o governo e a condução da crise sanitária.
Segundo Fernanda Consorte, economista-chefe da Ouroinvest, embora tenha havido uma escalada nas últimas semanas, algumas derrotas do governo para o Congresso, que cresceu com isso, podem ter dado algum fôlego aos agentes do mercado e isso é espelhado na taxa de câmbio. "Mas, ainda que recuando, o nível dos R$ 5,60 é muito alto e aponta para a conjuntura ruim que vivemos no país", ressalta.
Segundo ela, o risco embutido na taxa de câmbio atual está mais voltado para questões domésticas, como a demora no processo de vacinação dentro da crise sanitária, as perspectivas de um Produto Interno Bruto (PIB) negativo nestes primeiros três meses do ano, além das questões políticas.
Pela manhã, em um movimento técnico, o dólar chegou a escalar à marca dos R$ 5,77, mas firmou tendência de baixa em meio à briga pela definição da Ptax referencial do fim de março e do primeiro trimestre entre investidores vendidos e comprados em contratos cambiais.
Para Consorte, olhando para frente, um ponto de convergência nessa conjuntura seria a aceleração no processo de vacinação. Ela lembrou que, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que, em abril, o país já poderá estar imunizando 1 milhão de pessoas por dia. "Podemos chegar a níveis melhores na taxa de câmbio, se a vacinação acelerar."