O dólar recua no mercado à vista, acompanhando a desvalorização predominante no exterior em meio à alta das bolsas diante do otimismo dos investidores com a reabertura em breve de alguns países europeus e estados americanos. Também é precificada a participação do ministro da Economia, Paulo Guedes, em entrevista na manhã desta segund-feira com o presidente Jair Bolsonaro, a ministra da Agricultura, Teresa Cristina, e o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas. Alivia temores, por enquanto, de que Guedes poderia deixar também o governo, disse um operador de câmbio.
Bolsonaro afirmou mais cedo que "o homem que decide economia no Brasil é um só e se chama Paulo Guedes". Já o ministro disse que devemos ter essa semana aprovação de matéria importante no Congresso, como a desvinculação de receitas. Segundo ele, a política econômica segue a mesma, vamos prosseguir reformas estruturais, e que o ministro da Casa Civil, Braga Netto integra ações de todos os ministérios.
Operadores ressaltam ainda que o risco de impeachment de Bolsonaro diminui com a possibilidade de os pedidos seguirem sendo engavetados pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), diante da aproximação do presidente com o Centrão.
O ajuste de baixa do dólar reflete ainda uma realização parcial de ganhos, que estavam acumulados até sexta-feira em 8,94% em abril e em 41,12% em 2020.
A queda dos juros futuros também é monitorada. Os investidores retiram prêmios da curva de juros, em meio à revisão de expectativas desde sexta-feira de que a Selic pode cair 0,50 ponto, em vez de 0,75 ponto, em ambiente de turbulência política acentuada.
Além disso, na Focus desta segunda-feira, o mercado segue vendo Selic em 3% no fim do ano, mas aumentou a projeção de queda do PIB em 2020 de -2,96% para -3,34%. O IPCA deste ano passou de 2,23% para 2,20% e a projeção para o dólar foi mantida em R$ 4,80.
Também os índices de confiança seguem se deteriorando. O Índice de Confiança do Comércio (Icom) caiu 26,9 pontos na passagem de março para abril, para 61,2 pontos, o menor patamar e a maior queda já registrada em toda a série histórica, iniciada em abril de 2010.
Já a confiança do consumidor recuou 22,0 pontos em abril ante março, na série com ajuste sazonal. O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) desceu a 58,2 pontos, o menor patamar da série histórica iniciada em setembro de 2005.
Às 9h32, o dólar à vista caía 0,80%, a R$ 5,6195. O dólar futuro de maio passou a subir, a R$ 5,6180 (+0,57%).