O dólar operou em alta no mercado à vista nesta terça-feira, 4, acompanhando a valorização da moeda americana no exterior, em dia de aversão internacional a risco, e a cautela com a CPI da Covid, tentativa de derrubar parcialmente vetos do orçamento e a apresentação do relatório da reforma tributária.
No mercado futuro, porém, o dólar teve dia de queda moderada, influenciada pelo fechamento discrepante ontem em relação ao mercado spot, que caiu, enquanto o futuro teve leve alta, e ainda relatos do prosseguimento do desmonte de posições contra o real na B3.
Somente na segunda-feira, primeiro pregão de maio, investidores estrangeiros e fundos nacionais reduziram em conjunto US$ 2 bilhões em apostas compradas na B3, ou seja, que ganham com a valorização da divisa dos Estados Unidos.
No fechamento, o dólar à vista terminou em alta de 0,22%, a R$ 5,4307. No mercado futuro, o dólar para junho cedia 0,19% às 17h35, a R$ 5,4460.
O dólar teve as mínimas do dia, na casa dos R$ 5,41, em meio à declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, em audiência pública no Congresso. Ele avaliou que o dólar tende a cair, na medida em que o Brasil deve ter superávits comerciais recordes com a alta do preço das commodities no mercado internacional. "Acho que o dólar vai cair mais para frente", afirmou.
Como ressalta um diretor de tesouraria, as declarações tiveram repercussão no mercado porque Guedes sempre foi defensor de um real mais desvalorizado. O ministro reconheceu esta defesa nesta terça e afirmou que o câmbio estava fora do equilíbrio no Brasil, mas no ajuste no governo Bolsonaro, o dólar acabou subindo demais. "Todas essas incertezas, doenças, perspectiva de recessão, dúvidas sobre reformas, boatos de que toda hora o ministro pode cair. Vivemos uma fase difícil, turbulenta", afirmou o ministro na audiência pública.
Esta semana, profissionais das mesas de câmbio dizem que o Comitê de Política Monetária (Copom) pode dar novo fôlego ao real, caso sinalize mais altas pela frente e/ou retire do comunicado a expressão que classifica o ajuste em curso de alta na Selic como parcial.
Na avaliação do estrategista do Société Générale, Dev Ashish, o Copom deve elevar os juros na quarta-feira em 0,75 ponto porcentual e ainda sinalizar nova alta, por conta da pressão persistente na inflação. Ele prevê a Selic a 4,5% este ano e 5,5% em 2022, mas reconhece que os números estão abaixo do consenso do mercado e há risco de juros maiores, especialmente se houver aperto das condições financeiras internacionais ou se ocorrer mais deterioração das contas fiscais.