O real teve dia de fortalecimento, recuperando terreno após o estresse da terça-feira, quando o dólar chegou a superar os R$ 5,40. A quarta-feira foi marcada pela recuperação das bolsas americanas, alta forte do petróleo e busca por ativos de risco nos emergentes.
Nesse ambiente, o risco-País caiu e a moeda americana perdeu força de forma generalizada no mercado internacional, sobretudo nos países exportadores de commodities. As mesas de câmbio monitoram ainda a crescente onda de captações brasileiras no exterior, além da fila de mais de 50 nomes para ofertas de ações aqui.
Após cair na mínima do dia a R$ 5,27, o dólar spot terminou em baixa de 1,25%, cotado em R$ 5,2982.
No mercado futuro, o dólar para liquidação em outubro recuava 1,17% às 17 horas, cotado em R$ 5,3040.
"Hoje foi um dia de ajuste", destaca o presidente da FB Capital, Fernando Bergallo. Investidores que vinham tomando posições mais defensivas, buscando refúgio no dólar antes do feriado e em meio à forte piora dos bolsas americanas, que tiveram três dias seguidos de queda acentuada, nesta quarta desfizeram parte deste movimento. Para ele, a tendência é que dólar ceda um pouco mais, ficando abaixo de R$ 5,30, desde que não ocorram eventos extraordinários. O noticiário doméstico tem sido positivo, com avanço das reformas, e o ambiente político está mais calmo.
A notícia que poderia estressar os mercados nesta quarta, da suspensão dos testes da vacina contra a covid-19 pela AstraZenca, ficou em segundo plano. A leitura do mercado, diz Bergallo, é que eventos assim não são tão extraordinários no desenvolvimento de novos medicamentos.
As mesas de câmbio também têm monitorado a fila – que não para de crescer e já soma mais de 50 nomes – de empresas para abrir o capital na B3 ou das já listadas que querem fazer ofertas subsequentes de ações. Uma das candidatas é a Compass, controlada da Cosan, que poderá realizar este mês uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) de até R$ 5 bilhões. Nas captações externas, a PetroRio começa rodada de apresentações para captar US$ 450 milhões.
O presidente da Genial Investimentos, Rodolfo Riechert, destaca que as empresas brasileiras só vão atrair o apetite do investidor global se a companhia for globalizada ou tiver num setor "bastante atraente" da economia. "Fundos olham para grandes ofertas globais", disse ele em Live.
A boa notícia é que o mercado doméstico se desenvolveu e o investidor local consegue absorver ofertas menores, de companhias com atuação mais segmentada em regiões ou cidades. Com mais participação doméstica nas ofertas, o impacto no câmbio é menor. "Não acho que são eventos que podem ter alívio no câmbio, pois não devem ter muito estrangeiro", destaca Bergallo.