Dólar cai a R$ 5,44 com promessa de reformas e fluxo externo

O dólar teve novo dia de queda firme no Brasil, apesar do ambiente de maior cautela na Bolsa e na renda fixa, testando mais uma vez as mínimas em dois meses. A sinalização de avanço de reformas e privatizações pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ajudou a valorizar o real, em dia também marcado por queda da divisa americana nos mercados desenvolvidos e em alguns emergentes, como a Turquia. A perspectiva de fluxo comercial mais forte e nova emissões de empresas, como a Natura, captando US$ 1 bilhão em títulos no exterior, e vendas de ações na B3, como a da Caixa Seguridade, ajudam a retirar pressão do câmbio, fazendo o real devolver parte das perdas acima de seus pares das últimas semanas, destacam profissionais das mesas.

No fechamento, o dólar à vista terminou o dia em baixa de 0,88%, a R$ 5,4487. No mercado futuro, o dólar para maio, que vence na sexta-feira, cedia 0,66%, a R$ 5,4410 às 17h35.

A expectativa dos investidores financeiros de que a agenda de reformas voltasse a andar após a resolução da novela envolvendo o Orçamento de 2021 foi renovada no final de semana e nesta segunda-feira com postagens de Lira no Twitter, além de declarações à imprensa. O parlamentar prometeu apresentar a primeira versão da reforma tributária na próxima segunda e falou da possibilidade de aprovar ainda este ano o texto e também a reforma administrativa, além de avançar com a privatização da Eletrobras.

As declarações de Lira ajudaram o real a ter nesta segunda-feira um dos melhores desempenhos no mercado internacional de moedas, considerando uma lista de 34 divisas mais líquidas.

"A aprovação do Orçamento teve efeito de diminuir o risco fiscal e também voltou a destravar a pauta do Congresso", comentou o economista-chefe da Genial Investimentos, José Marcio Camargo, em live nesta tarde. Esta sinalização aliada a uma expectativa de comércio exterior forte pela frente pode levar o real a alguma valorização mais consistente, avalia ele, mas depende de como for resolvidas outras questões.

Para o diretor do ASA Investments, Carlos Kawall, se na Câmara o ambiente parece mais livre para as reformas caminharem, no Senado não é possível dizer o mesmo. "Na Câmara vemos Lira querendo retomar a agenda de reformas. As dúvidas são no Senado, onde vemos uma pauta um pouco diferente", disse ele na mesma live, citando a intenção de Rodrigo Pacheco (DEM-MG) de fazer novo Refis (programa de parcelamento de débitos tributários), além de maior resistência na casa na venda da Eletrobras e o início amanhã da CPI para investigar a atuação do governo na pandemia. "É a janela final que temos para fazer reformas de maior vulto", disse ele.

Dados da balança comercial brasileira continuam mostrando força das vendas externas. Somente na quarta semana de abril houve superávit de US$ 2,718 bilhões, levando o saldo acumulado no mês para US$ 8,9 bilhões. Já a conta corrente teve déficit em março de US$ 4 bilhões, pior que o previsto, mas a avaliação é que a conta pode fechar 2021 com rombo muito pequeno ou mesmo superávit. O JPMorgan espera superávit comercial de US$ 69 bilhões este ano e saldo na conta corrente de US$ 18 bilhões.

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