Dólar recua com exterior positivo; problema fiscal interno segue no radar

O dólar opera em queda neste início da primeira sessão de dezembro, acompanhando o viés de baixa da moeda americana no exterior. Os ajustes refletem o apetite por ativos de risco no mercado externo, mas são limitados por cautela fiscal e também com a inflação no curto prazo no País, em meio à alta do IPC-S acima do teto das projeções do mercado e da retomada a partir de hoje da bandeira tarifária de energia elétrica.

Ao justificar o aumento na conta de luz, o presidente Jair Bolsonaro afirmou, via redes sociais nesta manhã, que o País corre o risco de ter apagões. Em resposta a um comentário em sua página oficial no Facebook, o chefe do Executivo ressaltou que "as represas estão em níveis baixíssimos" e que o período de chuvas ainda não veio. A fala foi direcionada ao comentário de um usuário que disse: "A conta de luz vai aumentar. Obrigado PR."

Divulgado nesta terça-feira cedo pela FGV, o Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) subiu 0,94% no fechamento de novembro. O resultado superou o teto das estimativas do mercado apuradas pelo Projeções Broadcast, de 0,90%. A mediana da pesquisa era de 0,87% e o piso, de 0,73%. A alta de 0,94% também foi a maior inflação mensal desde junho de 2018, quando o índice havia subido 1,19%. O IPC-S acumula alta de 4,06% em 2020 e de 4,86% em 12 meses – acima do centro da meta de inflação deste ano (4%).

O fluxo cambial também é monitorado. Em relação a captações, a XP anunciou nesta segunda-feira uma oferta pública subsequente de ações (follow on) na qual a própria companhia e o Itaú Unibanco serão vendedores. A expectativa é de que essa oferta pode movimentar algo próximo de US$ 1,1 bilhão. Também o BTG Pactual levantou US$ 50 milhões no exterior, em sua primeira emissão de títulos verdes. Já a Gerdau concluiu a oferta de recompra de títulos de dívida em circulação no mercado internacional, e os recursos para honrar o compromisso já podem ter saído do País.

Lá fora, os juros dos Treasuries passaram a subir nesta manhã (com preços em baixa), em meio a uma redução da busca por segurança, enquanto o dólar recua predominantemente ante pares principais e moedas emergentes e ligadas a commodities. Apesar das incertezas da pandemia de covid-19, os investidores focam em notícias sobre o desenvolvimento de vacinas. Mais cedo, a farmacêutica Pfizer pediu autorização para uso emergencial de seu imunizante para o coronavírus à União Europeia. A agência regulatória da Europa informou que pode finalizar o processo de avaliação até 29 de dezembro.

Às 9h42, o dólar à vista caía 0,44%, a R$ 5,3225. O dólar futuro para janeiro de 2021 recuava 0,20%, a R$ 5,3235.

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