Dólar sobe a R$ 5,43 com chance de auxílio sem corte de gastos e varejo fraco

O dólar desacelera a alta, a R$ 5,420 (0,69%) na manhã desta quarta-feira, após tocar máxima a R$ 5,4375 (avanço de 1,01%). O mercado mantém cautela com o risco fiscal do governo brasileiro e os números ruins do varejo pesaram na abertura do dólar e estão ajudando a moeda a subir, junto com a forte possibilidade da retomada do auxílio emergencial, que já foi admitida até pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, comenta Jefferson Rugik, diretor-superintendente da corretora Correparti.

A inflação ao consumidor na China em janeiro pior que o esperado fica em segundo plano. No exterior, o dólar exibia viés de alta frente poucas divisas emergentes pares do real, como peso mexicano e rublo, enquanto caia frente as demais.

Os investidores ampliam posições defensivas no dólar e embutem prêmios nos juros longos, por causa da percepção de que, em vez de cortar despesas para formar funding para bancar o auxílio emergencial, a equipe econômica estuda, agora, uma nova versão de uma "Proposta de Emenda Constitucional (PEC) de guerra", com cláusula de calamidade pública, para conceder mais três parcelas de R$ 200 do auxílio emergencial aos informais, com custo total de cerca R$ 20 bilhões.

Esse é o caminho apontado pelo ministro Paulo Guedes, que permitiria que esses gastos fiquem fora do limite do teto de gastos (a regra que impede o crescimento das despesas acima da inflação), afastando também a necessidade de compensação para o cumprimento da meta fiscal. E afastaria ainda o risco de o governo praticar crime de responsabilidade fiscal.

Mas operadores de câmbio afirmam que a trajetória da dívida deve continuar a subir, o que tende a ter efeito negativo na política monetária (alta da Selic) e fiscal.

Em relação às vendas no varejo, o indicador caiu 6,1% em dezembro ante novembro, na série com ajuste sazonal, ficando bem abaixo do piso das estimativas colhidas pelo Projeções Broadcast, que iam de uma queda de 2% a um avanço de 0,5%, com mediana negativa de 0,60%. Na comparação com dezembro de 2019, sem ajuste sazonal, as vendas do varejo tiveram alta de 1,2% em dezembro de 2020, também abaixo do piso das estimativas.

Nesse confronto, as projeções eram de alta entre 2,0% e 8,80%, com mediana de 5,85%. As vendas do varejo restrito acumularam alta de 1,2% no ano de 2020. As estimativas captadas pelo Projeções Broadcast apontavam alta entre de 1,30% e 2,70%, com mediana positiva de 1,65%.

ÀS 10h02, o dólar futuro para março ganhava 0,77%, a R$ 5,4235.

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