Dólar tem dia de instabilidade com espera por avanço nas reformas

O dólar teve novo dia de volatilidade. Caiu pela manhã para a mínima de R$ 5,32 e firmou alta nos negócios da tarde, batendo em R$ 5,38. O foco no mercado doméstico seguiu no Congresso e o cenário para as reformas a partir de agora, com os novos presidentes dando início ao ano legislativo. A visão que predomina nas mesas de câmbio é que haverá avanços na agenda, mas não sem dificuldades e necessidade de articulação. Pela tarde, o cenário externo teve peso importante e o real acabou seguindo ao longo do pregão pares como os pesos da Colômbia, México e Chile, que perderam força ante o dólar em meio a dúvidas sobre o tamanho do pacote fiscal que Joe Biden conseguirá aprovar.

No fechamento, o dólar à vista terminou o dia com ganho de 0,29%, a R$ 5,3702. No mercado futuro, o dólar para março fechou em baixa de 0,38%, a R$ 5,3500.

Após a euforia de ontem, o governo listar suas prioridades na agenda e a abertura do ano legislativo no Congresso, os comentários nas mesas de câmbio hoje eram de que o clima é de "esperar para ver", conforme resumiu um diretor de Tesouraria. O cenário para o real está bem mais positivo agora do que no início de janeiro, disse ele, destacando que a perspectiva de avanço de reformas e a possibilidade de o Banco Central voltar a subir juros já em março apontam para chance de valorização da moeda, que está muito descolada de seu preço justo por causa do crescente risco fiscal.

O Instituto Internacional de Finanças (IIF) calcula que o preço justo da moeda brasileira é de R$ 4,50, levando em conta os fundamentos. O Bank of America calcula em R$ 4,80 e afirma estar otimista para as reformas, mas alerta que a janela para aprovação é relativamente curta, considerando as eleições em 2022.

Para os analistas da consultoria internacional TS Lombard, Elizabeth Johnson e Wilson Ferrarezi, o real tende a se beneficiar da elevação dos juros pelo BC. Eles acreditam que o aumento virá na reunião de março, em 0,50 ponto porcentual. A redução do diferencial de juros do Brasil com o resto do mundo deve ajudar a reduzir a volatilidade no câmbio. Além disso, o avanço das reformas deve ajudar a moeda brasileira a ganhar força, ficando mais alinhada a seus pares.

A TS Lombard acredita em chance de avanços nos próximos dois meses na agenda de reformas, embora o cenário ainda seja "desafiador", sobretudo quando se considera que alguns parlamentares do Centrão não compartilham muito as ideias liberais do ministro Paulo Guedes. "A menos que o próprio Bolsonaro se envolva em apoiar esta agenda impopular, mas necessária, achamos que a chance de progresso significativo na agenda de reformas será limitada." Medidas mais microeconômicas, como a Lei do Gás e a independência do Banco Central têm chance de rápida aprovação, o que deve ajudar a melhorar o sentimento dos investidores no mercado, ressalta a TS.

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