O dólar teve novo dia de volatilidade, com o mercado de câmbio esperando a definição da eleição para as presidências da Câmara e do Senado. Embora a perspectiva seja de vitória dos candidatos apoiados pelo governo – deputado Arthur Lira (PP-AL) e senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG) – pairou um clima de cautela nas mesas de operação, enquanto na Bolsa houve ambiente de mais animação, ajudado pelo exterior também positivo. Assim, a moeda americana operou em queda em vários emergentes, mas a perda ante o real foi mais discreta.
No fechamento, o dólar à vista terminou a segunda-feira em queda de 0,45%, cotado em R$ 5,4498. No mercado futuro, o dólar para março caiu 0,56%, a R$ 5,4355. No México, o dólar caiu 0,80%, na África do Sul recuou 0,62% e na Turquia, 1,61%.
A eleição no Senado começou por volta das 15h e Pacheco, em discurso inicial, afirmou que pretende "inaugurar diálogo para conciliar" o teto de gastos com assistência social: "isso é para ontem".
Já na Câmara, o começo da reunião de líderes foi mais tumultuado, marcado por bate-boca e troca de ofensas entre o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o candidato ao posto Arthur Lira (PP-AL), segundo fontes ouvidas pelo Broadcast Político. Lira chegou acusar Maia de querer adiar a eleição.
Para o sócio e cientista político da Tendências, Rafael Cortez, a vitória dos nomes apoiados pelo governo abre uma "janela de oportunidade" para o avanço de reformas, mas não fará milagres.
"Abre espaço para que o governo reconstrua suas relações com o poder legislativo, na Câmara e no Senado, uma base mais estável", disse ele em live na tarde desta segunda-feira da Genial Investimento. Isso cria um ambiente mais favorável para investidores, com efeitos nos juros, câmbio e demais variáveis. Contudo, Cortez se mostra mais cético com as pautas de redução de gastos, que ainda vão exigir muito diálogo político. "Acho pouco provável que o governo passe emenda constitucional sem negociação com o Congresso."
O economista-chefe da Genial Investimentos, José Marcio Camargo, diz que é preciso avançar com as reformas, sobretudo a PEC Emergencial, para que a questão fiscal "deixe de ser o grande espantalho do mercado financeiro". Mas também afirmou estar preocupado com a capacidade de negociação política do governo. "A PEC Emergencial é absolutamente fundamental, pois o País precisa reduzir gastos obrigatórios", disse ele. O mercado não aceita mais aumento da dívida, não se consegue mais elevar carga tributária e a sociedade não tolera mais inflação, ressaltou ao falar dos desafios do governo. No cenário de Camargo, o teto vai ser mantido no Orçamento de 2021. "Pode até ter outro programa de auxílio, mas depois de aprovada a PEC emergencial", disse na mesma live.