Dólar tem forte queda de 2,5% com realização de ganhos e fecha em R$ 5,51

O dólar teve um dia de forte queda, após a sequência de altas recentes que levou a moeda a se aproximar de R$ 5,74. Nesta terça-feira, 28, chegou a cair abaixo de R$ 5,50. O enfraquecimento da moeda americana no exterior, o ambiente político menos tenso nesta terça-feira e bancos diminuindo projeção de corte da taxa básica de juros em maio apoiaram uma realização de ganhos. Ao contrário dos últimos dias, o real foi hoje a moeda com melhor desempenho ante o dólar no exterior. O dólar à vista fechou em queda de 2,55%, cotado em R$ 5,5151, enquanto o dólar para maio fechou em R$ 5,4960 (-2,85%).

O Banco Central, que fez quatro intervenções ao todo nesta segunda, 27, e oito na sexta-feira, 24, hoje só fez a rolagem diária de swaps cambiais. Entre a máxima, R$ 5,63, e a mínima de hoje, a R$ 5,47, a moeda americana caiu 16 centavos. "O câmbio se recuperou hoje do exagero da subida dos últimos dias", afirma o chefe da mesa de câmbio da Terra Investimentos, Vanei Nagem.

Na reunião de política monetária de maio, o sócio da gestora Ibiuna Investimentos, Rodrigo Azevedo, ex-diretor do Banco Central, considera que o BC vai avaliar que tem condições de cortar os juros em ritmo mais forte, mas vai optar por reduzir em 0,50 ponto porcentual, por causa do câmbio. Os canais de transmissão via crédito e expectativas de inflação justificam cortes maiores, mas o dólar deve limitar este movimento. "O problema grande que temos é o câmbio", disse Azevedo em live da Genial Investimentos hoje.

A atuação do BC no câmbio, avalia Azevedo, tem sido "parcimoniosa". Considerando o tamanho das reservas brasileiras, a instituição poderia ser muito mais agressiva. A ação do BC tem sido muito focada em restabelecer as condições de liquidez e de formação da taxa de câmbio, e não para influenciar o nível dos preços do dólar. O ex-diretor do BC ressaltou que a moeda americana não está forte apenas no Brasil, mas na economia mundial, e a dúvida que persiste é se, quando a crise do coronavírus se acalmar, este apetite pela moeda americana vai continuar.

Apesar da relativa calmaria hoje no mercado, a avaliação das mesas de câmbio é que a volatilidade deve persistir no câmbio. Os estrategistas do banco Morgan Stanley não descartam que o dólar teste níveis acima de R$ 6,00 nas próximas semanas, na medida em que os riscos aumentaram, inclusive o político, e os juros estão em trajetória de queda. Para o banco, a economia brasileira deve ter desempenho pior que o anteriormente previsto este ano e encolher 5,1%. "O Brasil está enfrentando uma crise sem precedentes." O Asa Bank também elevou a projeção para o dólar ao final do ano, de R$ 5,30 para R$ 6,00.

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