O dólar operou a segunda-feira, 4, toda em alta, em novo dia de nervosismo no mercado internacional, mas o ritmo de valorização se reduziu na parte da tarde, em dia marcado por fraco volume de negócios no câmbio. Declarações do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, prometendo votar, sem mudanças, os textos da PEC do orçamento de guerra e o pacote de socorro a Estados e números bons da balança comercial de abril ajudaram a retirar um pouco da pressão no câmbio. O fortalecimento internacional do dólar também perdeu fôlego na etapa vespertina, com a melhora do petróleo, o que acabou ajudando as divisas de países produtores da commodity.
O dólar à vista fechou perto das mínimas do dia, em alta de 1,51%, a R$ 5,5208. No mercado futuro, o dólar junho subia 0,91%, a R$ 5,5455 às 17h40.
Apesar da melhora à tarde, o real teve hoje o pior desempenho ante o dólar em uma cesta de 34 moedas. No exterior, a divisa dos Estados Unidos subiu ante divisas fortes e operou mista nos emergentes. Caiu 1,60% no México e 0,78% Rússia, e subiu 0,53% na Turquia e 0,81% na Hungria.
Pela manhã desta segunda, o dólar chegou a bater em R$ 5,61 no mercado à vista e a encostar em R$ 5,63 no mercado futuro, em meio ao aumento da tensão geopolítica entre Estados Unidos e China, que provocou um dia de nervosismo no mercado financeiro internacional. No mercado doméstico, pesou ainda a piora do clima político em Brasília, com o presidente Jair Bolsonaro voltando a participar ontem de manifestação antidemocrática e a cautela do que pode sair do depoimento de oito horas do ex-ministro Sergio Moro na Polícia Federal no sábado.
"O conflito comercial EUA/China está sendo reavivado", afirma o responsável pela mesa de moedas do Commerzbank, Ulrich Leuchtmann. No final de semana, Donald Trump voltou a culpar a China pela pandemia de coronavírus e ameaçou não baixar tarifas sobre produtos do país asiático. Para Leuchtmann, a piora da relação entre as duas maiores economias do mundo tende a manter o dólar fortalecido internacionalmente, prejudicando os emergentes.
No mercado doméstico, o cenário político voltou a pesar. Na avaliação do sócio e estrategista da TAG Investimentos Dan Kawa, Bolsonaro continua adotando uma postura de enfrentamento perante os demais poderes. Em meio a uma pandemia e com uma das crises mais agudas da história, a falta de união entre os poderes no Brasil é vista como negativa pelos mercados. "O Brasil já apresenta problemas e dificuldades demais para ter ainda que lidar com obstáculos políticos."
O banco americano JPMorgan ressalta que, na semana passada, houve até uma redução da tensão, mas o risco político segue alto no País. Com isso, crescem as preocupações com o que pode acontecer com a atividade econômica. A economista e pesquisadora do Peterson Institute for International Economics, Monica de Bolle, já vê a possibilidade de o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro encolher 9% este ano.