O dólar teve um dia volátil e acabou fechando em nova alta, de 0,21%, a R$ 4,2583. No final da tarde, o real operou descolado de outras moedas emergentes, que ganharam força ante a divisa americana nesta terça-feira, dia em que o Banco Central da China fez nova injeção de recursos em seu mercado financeiro. Os dados fracos da produção industrial brasileira de dezembro e das vendas de veículos em janeiro reforçaram a visão de corte de juros pelo Banco Central, na reunião de política monetária que termina na quarta-feira, 5, e aumentou a discussão sobre uma possível nova redução em março, o que torna o Brasil cada vez menos atrativo para investidores estrangeiros.
Nesta semana, porém, a perspectiva é de ingresso de capital externo no Brasil, por conta da bilionária venda de ações da Petrobras pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que será fechada nesta quarta-feira. Hoje a ação ON da empresa subiu acima de 2% e a expectativa é que a oferta movimente mais de R$ 23 bilhões, dos quais se espera que os estrangeiros fiquem com parte importante.
Mas diante do reforço na percepção de corte de juros, o real acabou se descolando de outras moedas emergentes. O dólar caiu 0,66% no México, 0,96% na Rússia, 0,53% na África do Sul e 0,74% no Chile. Pela manhã, caiu a R$ 4,22, na mínima, na expectativa de fluxo e acompanhando o bom humor com a injeção de capital na China. Mas na máxima, perto do fechamento, foi a R$ 4,26.
"A queda acima do esperada da produção industrial de dezembro é uma evidência adicional da fraqueza da atividade no final do ano passado e reforça nossa visão de que o Copom vai optar por cortar os juros em 0,25 ponto porcentual amanhã", afirma o economista para mercados emergentes da consultoria inglesa Capital Economics, William Jackson. Nesse ambiente, ele projeta que o câmbio vai seguir pressionado, com previsão de dólar terminando o ano em R$ 4,25.
Em dezembro, a produção industrial caiu 0,7%. Já as vendas de veículos recuaram 3,1% em janeiro ante o mesmo mês de 2019. Na avaliação do economista-chefe para América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos, além de reduzir a taxa, não dá para descartar que o BC opte amanhã por deixar as portas abertas para um novo corte em março, a depender da evolução dos próximos indicadores. Os juros baixos devem ajudar na recuperação da indústria, afetada pela forte desvalorização do peso argentino, que encareceu os produtos brasileiros no país vizinho.