Após ser barrado na entrada do prédio do Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quarta-feira, 20, o deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) voltou para a Câmara e, mais uma vez, desafiou os ministros da Corte. Ao sair de seu gabinete para, segundo ele, ir ao Rio de Janeiro, o parlamentar disse que quem votar a favor da ação penal contra ele "não é sério".
"O Alexandre de Moraes não é uma pessoa séria. Os ministros não estão sendo sérios no processo. Multaram até o meu advogado por recorrer", disse Silveira a jornalistas. "Tudo é positivo para mim. Para eles, é negativo. Quem votar a favor dessa ação penal, não é sério, nem merecia estar lá no STF", emendou.
Silveira almoçou nesta quarta, 20, em um restaurante com o deputado Coronel Tadeu (PL-SP), que o apoia. Depois, ele e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho "Zero Três" do presidente Jair Bolsonaro, tentaram acompanhar o julgamento na sede do STF, mas foram impedidos.
O Supremo chegou a oferecer aos parlamentares a possibilidade de assistirem ao julgamento por uma televisão no Salão Branco da Corte, a antessala do plenário, mas ambos se recusaram e decidiram retornar à Câmara.
No plenário da Câmara, mais cedo, Silveira chamou Moraes de "reizinho do Brasil" e disse que o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), cometeu um "equívoco grave" ao deixar de pautar para votação no plenário da Casa a sustação da ação penal contra ele.
"Fiquei 11 meses no presídio. Onze meses, sem crime. Mas acho que eu estava mais livre. Porque o menor presídio do mundo é a toga do ministro Alexandre de Moraes, só cabe um marginal. É muito complicado que se tenha pessoas dessa estirpe dentro do Supremo Tribunal Federal, atropelando a Constituição, não respeitando o que essa Casa aqui promulgou, em 1988", declarou.
<b>Histórico</b>
No final de março, Silveira protagonizou o que foi definido por Lira como "uso midiático" das dependências do Congresso. Após Moraes determinar a colocação imediata de tornozeleira eletrônica no deputado, ele chegou a passar uma noite na Câmara numa tentativa de escapar da decisão judicial. A Polícia Federal (PF) foi à sede do Legislativo, mas o parlamentar se recusou a colocar o equipamento.
Depois de o ministro estabelecer uma multa diária de R$ 15 mil por descumprimento da decisão judicial, além do bloqueio de todas as contas bancárias de Silveira, o deputado decidiu deixar as dependências da Câmara e colocar a tornozeleira eletrônica. Na ocasião, pressionado por Lira, o presidente do STF, Luiz Fux, marcou o julgamento da ação penal contra Silveira para hoje.
Silveira foi preso em fevereiro do ano passado após divulgar vídeos com ameaças a integrantes do STF. Ele foi solto definitivamente em novembro, mas ficou submetido a uma série de medidas cautelares, incluindo a proibição de acesso a redes sociais e de contato com outros investigados nos inquéritos das fake news e das milícias digitais. O fato de não cumprir tais medidas levou à imposição da tornozeleira eletrônica.