Palanque

Danilo Ramalho: Guarulhos unida pelos opostos

Na última semana tive a oportunidade de transitar por dois mundos paralelos na nossa cidade: um Encontro de Artistas e ativistas culturais no Espaço Cultural Arranca e a premiação do Industrial do Ano de Guarulhos no prédio da FIESP em São Paulo.
A seguir o relato dos eventos:
 
Quarta: 01/06/2016 O primeiro encontro formou-se por três chamados: #Guarulhos em alerta! #Foratemer #Nucleoarranca. Uma discussão política e necessidade de mobilização frente ao governo golpista e a perda de direitos na Cultura, Direitos Humanos, causa LGBT e Mulheres. Formou-se então uma Roda de Conversa onde cada um, dos quase 70 participantes, expressou sua opinião. Medo, angústia, temor e golpe foram as palavras mais repetidas. Muitos expressaram descontentamento com o atual estágio principalmente sobre o governo interino: retrocesso, restrição de liberdade, machismo, perda de conquistas sociais e ideologia conservadora a serviço de reprimir a classe artística. Ainda que fosse voz a mais comum houveram muitas críticas aos governos petistas elencando se de fato a bandeira da esquerda foi defendida.
 
Quinta: 02/06/2016 No segundo encontro a eleição do Industrial do Ano de Guarulhos, empreendedor de destaque e referência reconhecido por seus pares. Numa cerimônia mais solene autoridades de entidades fazem seus discursos. Fundo do poço, crise política, falência das empresas, comemoração da sobrevivência, demissões; à tona da conversa foi traçar um cenário do estágio que o país chegou e numa grande reflexão até que ponto a classe industrial e empresarial deixou que isso acontecesse, aliás uma pausa para o brilhante e eloquente diagnóstico de Fausto Cestari. Um consenso que se chegou no alçapão do fundo do poço e o caminho agora será muito árduo. O Brasil está pagando um preço muito caro por este sistema político de coalizão.
 
Seria muita desonestidade dizer que ambos os encontros dissertaram sobre os mesmos temas, sob a ótica da esquerda e sob a ótica liberal-empreendedora há apenas um consenso no estado de degradação do ambiente nacional e em particular da cidade. Embora ambos conscientes das ferramentas a disposição para enfrentar essa situação, seja por luta ou por pressão, cada um está buscando no seu ofício os modos para entender este tempo. Com muita razão sobre a tônica de crítica à política, é por acaso tão somente através dela que se abre este espaço para a discussão da divergência. O país e a cidade só sairão melhores com mais embates, debates e enfrentamento do problema com soluções.
 
Como espectador privilegiado destes dois mundos só posso dizer que vislumbrei uma narrativa de necessidade de mudança, pequeno relato do presente para ser revistos em futuros tempos históricos. 
 
Danilo Ramalho é professor universitário e pré-candidato a vereança em Guarulhos.
 

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