Após se filiar ao MDB na manhã desta quarta-feira, 4, em Brasília, o jornalista e apresentador José Luís Datena disse em entrevista por telefone ao jornal O Estado de S.Paulo que o mais natural é que ele saia candidato à Prefeitura de São Paulo pelo partido. A hipótese de disputar como vice do prefeito Bruno Covas (PSDB) ainda é discutida, mas após o ato de filiação, envolvidos na negociação passaram a defender que Datena encabece uma chapa na disputa municipal.
"O Bruno é um cara que eu gosto muito, figura muito bacana, mas até aí se acertar uma aliança depende de muitas conversas. O mais natural é uma candidatura a prefeito pelo MDB", disse Datena.
Após o discurso na cerimônia de filiação, colegas de partido que antes trabalhavam por uma aliança com Covas passaram a defender que ele seja o candidato a prefeito. Datena admite que está pensando na possibilidade, mas afirma que ficou desconfortável com o assédio durante o evento.
"Estou pensando seriamente (em sair prefeito), mas se for todo dia desse jeito… Eu acho meio estranho, porque eu estava ali meio intimidado com aquela coisa toda. Ao contrário do que parece eu não sou muito expansivo, eu sou um cara até meio tímido. Não gosto muito de aglomeração, achei tudo muito estranho", disse ao Estado.
Datena afirmou que se surpreendeu com representantes de diferentes partidos no ato de sua filiação. A cerimônia foi acompanhada pelo presidente da presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), e por parlamentares do PSL e Cidadania. O governador do Distrito Ibaneis Rocha (MDB) e o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo), Paulo Skaf, também participaram. O ex-ministro Antonio Imbassahy (PSDB), representante do governador João Doria em Brasília, esteve presente.
"Foi interessante ter gente de vários segmentos. Nem eu esperava. Sinceramente, me deixa mais animado (em sair como candidato a prefeito) porque as pessoas estão procurando novos quadros, que façam por onde, que representem o povo com calma, com paz, sem guerra", disse.
Com um histórico de ter desistido das disputas após se lançar como pré-candidato, Datena diz que dessa vez está mais próximo de se testar nas urnas. Em 2016, então filiado pelo PP, ele desistiu da candidatura à Prefeitura de São Paulo. Em 2018, ele também voltou atrás após se lançar ao Senado pelo DEM. "Dessa vez, eu acho que vou mesmo (sair candidato), difícil não ir, porque senti que tenho condição de colaborar", afirmou.
Após liberar o presidente Jair Bolsonaro de apoiá-lo na eleição municipal, Datena revela que não voltou a falar com ele. Questionado se a presença de Skaf, atualmente próximo de Bolsonaro, abriria uma chance para uma reaproximação, o apresentador disse que não pediria o apoio do presidente.
Acho que Bolsonaro não quer apoiar ninguém em São Paulo, diz Datena
"Eu acho que o presidente não quer apoiar ninguém na eleição municipal em São Paulo. Não sei em um segundo momento. Eu não vou sair pedindo apoio ao presidente e nem a ninguém. Quem quiser me apoiar me apoia. Eu respeito quem ele quiser escolher, o (deputado federal Celso) Russomano (Repúblicanos-SP). Se depender de mim, eu não peço apoio", disse.
Datena disse ainda que associação que fazem entre ele e Bolsonaro é equivocada. "É uma associação enganada. Eu não convivo com o presidente, eu não estou todo dia com o presidente, não falo todo dia com o presidente. Eu entrevisto o presidente como qualquer repórter. Agora, houve uma afinidade na época da rádio, quando ninguém o entrevistava. Ele dava declarações, eu fazia minhas perguntas."