O ato de urinar na cama é mais comum do que se imagina e pode estar relacionado a diversos problemas de saúde, bem como a fatores de ordem psicológica. De acordo com o médico Rogério Vitiver, da Clínica Miletto Urologia, em Brasília, de 15 a 20% das crianças acima de 5 anos apresentam a chamada enurese noturna.
O especialista, que realizou trabalho sobre o assunto para a Universidade de São Paulo (USP), revela que essa disfunção miccional pode se constituir em um problema hereditário: "Estudos mostram que há 77% de chances da criança herdar a disfunção dos pais". Entre outros agentes causadores destaca-se o hábito de ingerir quantidades elevadas de líquido antes de dormir. No âmbito emocional, situações desafiadoras vivenciadas pela criança também podem estar por trás do quadro.
Para diagnósticos de fundo fisiológico, Dr. Vitiver informa que há medicamentos específicos. "Administrados por via oral, apresentam grande eficácia. Paralelo ao tratamento medicamentoso, a criança deve ser orientada no sentido a disciplinar seu hábito miccional, por exemplo urinando a cada 4 horas durante o dia, além de evitar ingestão de líquidos antes de dormir", esclarece. Em outras situações, o suporte psicológico é imprescindivel.
A hebeatra e terapeuta familiar Mônica Mulatinho, da Cia do Adolescente & Família, ressalta que atitudes repressivas e punitivas trazem complicações. "Educar demanda paciência, até porque na fase em que a criança começa a deixar a fralda, por volta dos dois anos, embora compreenda parte do que dizem os pais, ela ainda não tem controle sobre a própria bexiga".
A médica ensina que os responsáveis devem acostumar os pequenos desde cedo ao uso do pinico. "É necessário condicionar a criança a fazer as necessidades naquele local. Na escola, os educadores devem adotar a mesma conduta", comenta. Dr. Vitiver lembra que após o tempo natural de adaptação da fralda ao uso do pinico, se as dificuldades persistirem os pais devem buscar assistência médica especializada.