Após ficar próximo aos 88 mil pontos (87.946,25 pontos) na véspera e de ter uma semana positiva até agora, o mercado de ações brasileiro se prepara para uma quinta-feira de queda, pelo menos na abertura, como sugere o Ibovespa futuro. O momento de cautela no exterior, diante de ameaças do governo dos EUA a redes sociais, e internamente, diante da crise entre o governo e o STF deve deixar o investidor local de sobreaviso.
"A instabilidade política abre ainda mais espaço para a realização", avalia o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus.
Às 10h55, o Ibovespa caía 0,92%, aos 87.133,09 pontos, após fechar ontem em alta de 2,90%. Contudo, deve fechar a semana e o mês – que terminam amanhã – com valorização. Até o momento, acumula ganhos semanais em torno de 6% de cerca de 8% no mês, o que seria o melhor desempenho para maio desde 2009 (12,49%).
Em Nova York, com exceção do Nasdaq (-0,11%), que cai diante da expectativa por medidas retaliatória do governo dos EU a redes sociais, o sinal é de leve alta, ainda impulsionada pela reabertura econômica gradual no pós-isolamento social para conter a propagação do novo coronavírus. Na Europa, as bolsas sobem.
Após a divulgação de dados de atividade dos Estados Unidos, o Ibovespa acelerou a velocidade de baixa, caindo em torno de 1%, mas reduziu depois o ritmo. De certa forma, diz o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus, os indicadores dos EUA vieram em linha com o esperado, o que pode até ser visto como positivo. "Pode forçar o Fed a promover novos estímulos à economia", sugere.
O Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre dos EUA apresentou recuo de 5,0%, ficando mais pouco intenso que o declínio de 4,8% esperado por analistas. Os pedidos de auxílio-desemprego caíram 323 mil na semana, a 2,123 milhões, ante previsão 2,05 milhões. Já as encomendas de bens duráveis cederam 17,2% em abril ante março; previsão era de contração de 17%.
A reabertura de economias e o pacote de estímulos na zona do euro seguem trazendo alívio à aversão ao risco, assim como as notícias favoráveis relacionadas à produção de vacina no combate à covid-19, cita em nota o Bradesco. Entretanto, os economistas do banco ponderam que focos de preocupação continuam no radar, lembrando da notícia de que a legislatura chinesa aprovou a resolução que autoriza a elaboração de uma nova lei de segurança nacional para Hong Kong, contribuindo mais para a tensão comercial EUA-China.
No Brasil, a tensão política entre o Planalto e o STF recrudesceu ontem e deve ficar no centro das atenções. Além disso, há pouco, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou a taxa de desemprego no País no trimestre até abril, que reforçou o quadro de piora do mercado de trabalho por causa dos efeitos da pandemia. A taxa ficou em 12,6%, igual ao piso das estimativas na pesquisa do <b>Projeções Broadcast</b> (12,6% a 15%, com mediana de 13,2%).
"O mercado deve ignorar um pouco político, em função de liquidez mundial imensa", observa Luiz Roberto Monteiro, da Renascença, completando, contudo, que o investidor continua atento ao tema.