Horas antes do debate na TV Globo entre candidatos ao Palácio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro (PL) reconheceu que será atacado, mas disse que não tem do que ter medo. "Daqui a pouco temos um debate na Globo. A gente sabe o que pode acontecer hoje lá. A Globo, se você não vai, você está morto. Se for, você vai levar tiro. Mas temos a verdade ao nosso lado, não tenho o que temer", declarou o chefe do Executivo, durante transmissão ao vivo nas redes sociais.
Bolsonaro também acusou a Globo de apoiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu principal adversário na eleição. O petista lidera as pesquisas de intenção de voto. Na live, o chefe do Executivo disse que Lula não foi inocentado na Lava Jato, mas "descondenado" pelo Supremo Tribunal Federal (STF), e voltou a associar o candidato do PT a ditaduras de esquerda como a da Nicarágua. "O Lula é um gângster", afirmou.
O debate na Globo, a três dias de os brasileiros irem às urnas, é visto pela campanha de Bolsonaro como a última oportunidade de levar a disputa para o segundo turno. Se, de um lado, a campanha de Lula crê em uma "onda" nesta reta final para tentar encerrar o pleito no domingo, 2, com a atração de nomes de peso a favor do petista, o chefe do Executivo, por sua vez, chegou até a pregar contra o voto útil durante transmissão ao vivo nas redes sociais no começo da semana.
Candidato à reeleição, Bolsonaro tirou o dia livre no Rio de Janeiro para se preparar para o confronto desta noite. Os aliados do chefe do Executivo avaliam que ele precisa cumprir dois objetivos: de um lado, elevar o tom dos ataques a Lula; em outra frente, acenar para eleitores moderados, mulheres e pessoas de baixa renda.
Avesso a "media training", Bolsonaro recebeu dicas de Duda Lima, que é ligado ao presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e responsável pelos programas no horário eleitoral gratuito. O marqueteiro quer que o presidente "fale para fora da bolha" no debate. Internamente, contudo, sempre houve uma disputa nas áreas de marketing e comunicação da campanha. Por um lado, Duda Lima defende um Bolsonaro "moderado".
Mas o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), auxiliado pelo publicitário Sergio Lima, prefere que o pai "parta para o ataque". Esse posicionamento tem sido reforçado pelo ex-secretário de Comunicação Fabio Wajngarten, que passou a semana estudando temáticas e o comportamento dos outros presidenciáveis em momentos distintos da campanha.