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Dedos formigando e coceira nas mãos podem ser sinais de síndrome do túnel do carpo; entenda

A lesão por esforço repetitivo (LER) é um problema que se desenvolve de forma gradual e muitas vezes passa despercebido até alcançar um estágio mais preocupante. Entre os diversos tipos de lesão, a síndrome do túnel do carpo é uma das mais comuns e levou ao afastamento de 24.002 trabalhadores em 2023, segundo dados do Ministério da Previdência Social. O total é 33,15% superior ao registRado em 2022.

Conforme explica o ortopedista especializado em cirurgia da mão e punho, Leonardo Kurebayashi, a síndrome do túnel do carpo ocorre devido à compressão do nervo mediano localizado no punho. A incidência da condição é de 99 em cada mil pessoas, sendo mulheres com mais de 40 anos as principais afetadas.

Em relação aos sintomas, o ortopedista menciona que os mais comuns incluem formigamentos nos dedos, sensação de queimação ou coceira nas mãos e dificuldade em realizar certos movimentos, como a "pinça" com os dedos.

Em casos mais avançados, também é comum observar perda da qualidade de sono em decorrência do formigamento e até mesmo dificuldade para realizar tarefas básicas. "Nessas situações, as pessoas podem derrubar objetos com frequência e ter dificuldade de realizar atividades simples, como abotoar uma camisa ou colocar um brinco", explica Kurebayashi.

<b>Quais são as causas por trás da condição?</b>

As causas tradicionalmente reconhecidas incluem espessamento do ligamento carpal transverso, tenossinovites (inflamação do tendão), fraturas e doenças metabólicas, além da gestação.

Porém, estudos recentes trouxeram à tona a discussão sobre a influência de fatores ocupacionais e não ocupacionais na incidência dessa condição, como:

Longas horas de trabalho com computador;
Condições de ergonomia inadequadas;
Número insuficiente de pausas durante o trabalho;
Ausência de exercícios com mãos e punhos;
Trabalhos que incluem movimentos repetitivos com as mãos.

Além disso, fatores como idade, gênero, obesidade, tabagismo, consumo de álcool, sedentarismo e condições como diabetes e hipertensão também foram associados ao aumento no risco de síndrome do túnel do carpo.

<b>Como o diagnóstico é feito?</b>

O diagnóstico da síndrome do túnel do carpo é predominantemente clínico, baseado na história do paciente e no exame físico conduzido pelo especialista em mãos.

No entanto, existem exames complementares que podem auxiliar o médico a determinar o diagnóstico e o prognóstico (tentativa de traçar a provável evolução da doença):

1 – Eletroneuromiografia (ENMG)
2 – Ultrassonografia de punho
3 – Radiografia e Tomografia Computadorizada de punho
4 – Ressonância Magnética de punho

"A solicitação de cada um desses exames será determinada pelo especialista em mão, sendo que os dois principais são a eletroneuromiografia e a ultrassonografia de punho. A limitação de ambos é que dependem da expertise do profissional que está realizando o exame", diz Kurebayashi.

<b>Existe tratamento?</b>

Sim, existem dois principais tipos de tratamento para a síndrome do túnel do carpo: conservador e cirúrgico.

Nos estágios iniciais da doença, o tratamento conservador pode incluir o uso de talas para as mãos, medicação e reabilitação através de fisioterapia e terapia ocupacional. Além disso, recomenda-se mudanças no estilo de vida, como a prática de atividade física, melhorias nas condições ergonômicas no local de trabalho e controle de condições médicas associadas, como diabetes, obesidade e hipertensão.

Em casos de diagnóstico tardio ou quando o tratamento conservador não produz resultados satisfatórios, a intervenção cirúrgica pode ser necessária. Existem duas abordagens principais: a cirurgia aberta, que consiste em uma incisão cirúrgica na palma da mão, e a endoscópica, uma técnica minimamente invasiva, com um corte menor, no punho. Na cirurgia endoscópica, uma câmera é inserida no túnel do carpo para auxiliar no corte do ligamento visando melhorar a compressão.

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