A Minerva e a Companhia Docas do Pará (CDP) vão se reunir com a Defensoria Pública do Pará nesta quarta-feira, 21, para discutir a situação do naufrágio do navio Haidar, que carregava cinco mil bois e adernou no Porto de Vila do Conde há duas semanas. Em nota, o diretor do Interior da instituição, Daniel Lobo, diz que o encontro será de ordem prática e que pretende assinalar as atribuições e responsabilidades de cada empresa envolvida no caso.
A Defensoria espera também que sejam definidos prazos e cronogramas para que as famílias prejudicadas pelo naufrágio sejam atendidas. As medidas definidas na reunião devem ser encaminhadas à Justiça Federal, onde já corre uma ação civil pública contra as empresas, movida pela entidade juntamente com o Ministério Público Federal (MPF) e o Ministério Público do Estado do Pará (MPPA).
No processo, as instituições pedem que sejam paralisadas as atividades no Porto de Vila do Conde, o que afetaria embarques de grãos e minérios. A exportação de gado vivo já está suspensa por determinação da Secretaria do Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará (Semas).
Ao Broadcast (serviço de notícias em tempo real da Agência Estado), o novo ministro da Secretaria Especial de Portos (SEP), Helder Barbalho, caracterizou a ação como “absolutamente inconveniente” e disse que não há sentido em paralisar todo o porto devido a problemas em um píer que já foi interditado. Nesse sentido, o encontro entre as empresas e a Defensoria pode vir a minimizar as chances de a suspensão das operações ocorrer.
Nesta terça-feira, 20, a coordenadora da força-tarefa da Defensoria para atender o caso, Aline Rodrigues, visitou as ilhas atingidas pelas carcaças de bois que morreram no naufrágio e que escaparam às barreiras de contenção instaladas na zona portuária. Estima-se que 200 carcaças foram parar em praias turísticas da região, ocupadas por famílias ribeirinhas. Parte dos 650 mil litros de óleo do navio Haidar também se espalhou pela região, impossibilitando a pesca – fonte de renda para parte dos habitantes.
Na semana passada, a prefeitura de Barcarena disponibilizou um ginásio de esportes para acolher moradores, devido ao mau cheiro no local, mas muitas famílias optaram por não deixar a região atingida com medo de possíveis furtos em suas residências.
Para minimizar os impactos sociais, a SEP anunciou na última sexta-feira a distribuição de cinco mil cestas básicas à comunidade de Vila do Conde e se comprometeu a garantir um salário mínimo mensal por família atingida, até que a remoção do navio seja concluída.
O processo de salvatagem é conduzido pela holandesa Mammoet Salvage e deve levar quatro meses. Já a retirada do óleo do navio deve ser concluída no início de novembro. A Minerva também presta suporte às famílias afetadas e teria distribuído outras cinco mil cestas básicas.