O advogado Mauricio Jalil, que integra a defesa do executivo Márcio Bonilho, do Grupo Sanko Sider, que pegou 11 anos e meio de reclusão por participação no esquema de corrupção na Petrobras investigado na Operação Lava Jato, afirmou que provavelmente deve entrar com um recurso denominado embargo de declaração até a próxima semana. O embargo de declaração é um pedido ao juiz que formulou a sentença para que ele esclareça tópicos considerados “obscuros ou omissos”.
“Eu respeito os fundamentos e as razões pelas quais ele (juiz Sérgio Moro) se valeu para embasar sua decisão, mas não concordo”, disse Jalil. “Eu acredito que não ficou comprovada a prática de lavagem.”
Jalil disse que a situação da Sanko Sider nos contratos da Abreu e Lima foi esclarecida pela perícia da Polícia Federal. “Os produtos (tubos) foram vendidos, não houve superfaturamento. Isto foi confrontado e comprovado por laudo da PF. No meu entendimento, não existe lavagem de dinheiro, estranho essa decisão”, disse Jalil.
O advogado disse também que “não ficou comprovada” existência de organização criminosa. “Não tem o número de pessoas para configurar o crime, muito menos os atos da própria organização. O Márcio (Bonilho) simplesmente pagava as comissões pela venda dos produtos. O que era feito com esse valor, o Márcio não tinha a menor ideia, desconhecia por completo.”
Yousseff
O advogado Antônio Figueiredo Basto, que defende o doleiro Alberto Youssef, afirmou que a sentença de quarta-feira, 22, “foi natural”. Youssef, peça central da Operação Lava Jato e um dos principais delatores do esquema de corrupção e propinas na Petrobras, não obteve perdão judicial. Pegou 9 anos e dois meses de reclusão por lavagem de dinheiro e organização criminosa, mas em regime fechado cumprirá apenas três anos.
“Atingimos parte do nosso objetivo em relação a que a pena ficasse em três anos”, declarou Figueiredo Basto. “Já com possibilidade clara de que a pena pode ficar menor.”
Ao aplicar três anos em regime fechado para Youssef, o juiz Sérgio Moro destacou que o doleiro violou um outro acordo de colaboração firmado em 2004 no caso Banestado – evasão de US$ 30 bilhões. “Estamos estudando se vamos entrar com recurso “em relação a questões da sentença que estamos analisando, como o perdão judicial.”
O advogado João Mestieri, que defende o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, não respondeu aos contatos da reportagem.
A Petrobras, reconhecida como vítima no processo da Refinaria Abreu e Lima – a estatal será indenizada em R$ 18,6 milhões – não se manifestou sobre a condenação de oito alvos da Operação Lava Jato.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.