Economia

Déficit primário acumulado de janeiro a agosto é pior resultado da série, diz BC

O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, salientou nesta quarta-feira, 30, que o desempenho do mês de agosto, deficitário, mostra uma redução tanto em relação a julho quanto “significativamente menor” na comparação com agosto de 2014. “A despeito desse resultado na margem, o déficit primário de R$ 1,1 bilhão do ano é o pior resultado no acumulado de janeiro a agosto da série”, comparou, na entrevista à imprensa para comentar os dados do setor público divulgados mais cedo pelo BC. A série teve início em dezembro de 2001.

Maciel também enfatizou que as despesas com juros acumuladas em 12 meses, de 8,45% do Produto Interno Bruto (PIB), também somam o maior porcentual desde dezembro de 2003, quando estavam em 9,01% nesse tipo de comparação. “O gasto com juros também mostrou redução, e boa parte dos gastos é explicado pelas operações de swap e incremento em relação a agosto do ano passado”, afirmou.

Ele comentou que, na comparação interanual, além de swap, há que se considerar o crescimento da base e a evolução da inflação e da própria taxa básica de juros, que ajudam a explicar aumento expressivo em relação ao mesmo período do ano passado.

O técnico disse também que houve uma redução do déficit nominal no mês passado ante julho e incremento na comparação com agosto de 2014. O déficit nominal acumulado em 12 meses (9,21% do PIB) é o mais elevado da série.

Esforço

Tulio Maciel fez uma defesa raramente vista há pouco da iniciativa do governo de tentar melhorar o resultado das contas públicas. “O resultado no ano denota um esforço em termos fiscais, já que está melhor num quadro de redução de receitas significativas”, salientou.

Em termos reais, de acordo com ele, as receitas recuaram 4% de janeiro a agosto, mas que foi acompanhada no mesmo período em relação a 2014, pela diminuição das despesas de 2%, também em termos reais.

“É preciso ver o esforço no sentido de buscar melhor desempenho fiscal”, afirmou Maciel. “O resultado fiscal denota um esforço, já que receitas caíram, mas as despesas também”, continuou.

Maciel lembrou, no entanto, que os resultados ainda não são vistos nas contas públicas. “Ao mesmo tempo, esse resultado do ano indica que há muito por fazer em termos de ajuste fiscal. Ações e propostas estão sendo elaboradas com esse intuito.”

Dívida líquida

O chefe do Departamento Econômico do BC afirmou que o recuo da dívida líquida, que passou de 34,2% do PIB em julho para 33,7% em agosto, foi induzido pela alta do dólar frente o real. Ele observou que em agosto, a divisa norte-americana subiu 7,45%.

Maciel argumentou ainda que a dívida líquida sofreu, por um lado, com as perdas com operações de swap (R$ -17,2 bi em agosto); por outro, no entanto, a valorização das reservas internacionais melhoraram a dívida. “A dívida bruta, sem esse benefício da desvalorização cambial, subiu de 64,6% para 65,3% entre julho e agosto”, disse.

Governos regionais

Ele avaliou que a redução do déficit primário, que passou de R$ 10 bilhões em julho para R$ 7,3 bilhões em agosto, refletiu um melhor desempenho do Governo Central e dos governos regionais. Comparado a agosto do ano passado, o desempenho também melhorou, já que naquele período havia sido registrado déficit de R$ 14,4 bilhões.

Segundo Maciel, no caso dos governos regionais, houve uma melhora de desempenho em relação a 2014 porque no ano passado houve aumento do endividamento desses entes e isso acarretou em mais despesas. Com isso, sem este efeito em 2015, os dados têm apresentado melhora.

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