Tite é o novo técnico da seleção brasileira, mas a CBF ainda não anunciou o nome oficialmente por mera questão de formalidade. Nesta quinta-feira, o treinador e o presidente da entidade, Marco Polo Del Nero, irão se encontrar para oficializarem o acordo, que deve durar pelo menos até a próxima Copa do Mundo. Ainda não há data confirmada para o anúncio oficial, mas, segundo o secretário-geral da CBF, Walter Feldman, “a próxima coletiva será a do Tite”.
Feldman procurou medir bem as palavras no início da noite desta quarta-feira, logo após a demonstração de irritação pública do presidente do Corinthians, Roberto de Andrade. O cartola corintiano afirmou no CT do clube que a CBF “faltou com a ética” ao procurar Tite antes de conversar com ele.
“Nós temos um carinho muito especial pelo Roberto, mas nós entendemos. Não é um momento fácil a perda do Tite. Nós fizemos todo o esforço para que o diálogo acontecesse, e infelizmente não foi possível”, afirmou Feldman. Ele disse que, “desde às 9h40 da manhã” desta quarta, a CBF tentou contato com Andrade por telefone e e-mail e não obteve nenhum tipo de retorno. “Me proponho a ir conversar com ele pessoalmente”, disse Feldman.
O secretário-geral insistiu que, na reunião de Tite com Del Nero realizada na noite de terça-feira, não houve nenhum tipo de acerto, nem mesmo contratual. No encontro, nem mesmo salários e estrutura da comissão técnica teriam sido debatidos.
“Nós não combinamos nada. A nossa conversa foi para discutir nossa visão, como está a CBF. Nossa reunião foi muito programática, republicana”, insistiu Feldman. “Logo depois do pronunciamento do Roberto de Andrade, o Marco Polo conversou com o Tite e eles combinaram de se encontrar amanhã (quinta). Pode ser até em São Paulo, vai depender dos dois.”
O dirigente evitou falar sobre como será a relação da nova comissão técnica da seleção com o comando da CBF, mas disse que não deverá haver mudança de estrutura. Assim, o agora ex-gerente de futebol corintiano, Edu Gaspar, será o novo coordenador de seleções da entidade, cargo que até a terça-feira era ocupado por Gilmar Rinaldi.
“(A relação) É uma ação de comando presidencial. Sempre foi assim e acredito que não há nenhum movimento de mudança”, afirmou. Feldman ainda insistiu que o nome de Edu Gaspar não foi imposto por Tite. “Ontem (terça) o nome do Edu Gaspar foi tocado pela direção da CBF. Foi a CBF que tocou no nome do Edu Gaspar, porque considera um dos melhores quadros de gestão de futebol do Brasil”, disse Feldman.
MANIFESTO – Sobre o fato de Tite ter assinado em dezembro do ano passado um manifesto do Bom Senso FC pedindo a renúncia de Del Nero, Walter Feldman afirmou que isso “está no passado”. E foi além. “Vocês lembram como foi articulado aquele documento? Eu vim aqui, dei uma coletiva e disse que aquele processo foi extremamente dirigido. Aí pedem para as pessoas assinarem e elas assinam”, comentou. “O Tite, naquele momento, até pode ter concordado com aquilo, mas não quer dizer que ele não tenha mudado de opinião. Há uma carga de política hoje no futebol que dificulta as coisas.”