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Delator cita Campos e aliados do PT

A 28 dias da eleição, as revelações feitas pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa, em depoimento à Polícia Federal, colocaram em alerta o Palácio do Planalto e o comando da campanha da presidente Dilma Rousseff. Após Costa denunciar um esquema de desvio de dinheiro na estatal, beneficiando cinco partidos, incluindo o PT e o PMDB, petistas temem que o tema da corrupção domine a disputa de agora em diante e ressuscite no eleitorado a memória do mensalão.

Em depoimentos à Polícia Federal na tentativa de fechar um acordo de delação premiada, Costa citou como beneficiários de um esquema de propinas na empresa o ex-governador Eduardo Campos, morto em acidente aéreo em 13 de agosto, e políticos de partidos aliados à presidente Dilma, segundo a revista Veja. Na lista estão o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, o secretário de Finanças do PT, João Vaccari Neto, e dirigentes de Estados que receberam empreendimentos da Petrobrás: o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), do Rio de Janeiro, e a governadora Roseana Sarney (PMDB), do Maranhão.

São listados ainda seis senadores e pelo menos 25 deputados federais, entre os quais os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), como antecipou o portal www.estadao.com.br, e da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN); os senadores Romero Jucá (PMDB-RR) e Ciro Nogueira (PP-PI); os deputados Cândido Vaccarezza (PT-SP) e João Pizzolatti (PP-SC), e o ex-ministro das Cidades Mário Negromonte.

A suspeita é de que o esquema – com pagamento de uma comissão de 3% sobre o valor de cada contrato da Petrobrás assinado durante a passagem de Costa pela estatal (2004 a 2012) – abastecia as campanhas eleitorais. A reportagem da revista não traz detalhes nem documentos que comprovem a participação dos políticos mencionados.

Defensiva. Embora o discurso oficial no comitê da reeleição de Dilma seja o de minimizar as denúncias feitas por Costa, sob o argumento de que ele não apresentou provas, ministros e dirigentes do PT admitem que o escândalo pode empurrar a presidente para a defensiva no momento em que sua principal adversária, a ex-ministra Marina Silva (PSB), parou de crescer, como indicam as mais recentes pesquisas de intenção de voto.

Dilma foi surpreendida na sexta-feira com o teor da delação premiada de Costa. Ela pediu informações ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, mas ele não teve acesso ao depoimento do ex-diretor, preso pela PF na Operação Lava Jato.

Insatisfeita, Dilma convocou uma reunião de emergência, à noite, com o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, no Palácio da Alvorada, para avaliar o impacto das denúncias em sua campanha. Em São Paulo, ontem, ela conversou com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Auxiliares de Dilma a orientaram a demonstrar compromisso com a apuração dos fatos, para neutralizar a agenda negativa. Foi por isso que, em entrevista ontem, em São Paulo, a presidente afirmou que vai aguardar as explicações necessárias para tomar medidas efetivas. “Eu gostaria de saber direitinho quais são as informações prestadas nestas condições. Eu te asseguro que tomarei todas as providências cabíveis. Agora, não com base em especulação”, insistiu.

O diagnóstico no Planalto é o de que as acusações de Costa, se comprovadas, causarão um terremoto político na base aliada do governo, mas também na campanha de Marina Silva devido à inclusão de Campos na lista. Podem derrubar, ainda, a estratégia do PT de colar nos rivais o carimbo de “inimigos da Petrobrás”.

Instituição

Em Maceió ontem, o vice-presidente da República, Michel Temer, que é presidente nacional do PMDB, afirmou que o caso não fere o partido “enquanto instituição”. “O PMDB, enquanto instituição, não tem nada a ver com isso”, afirmou. “A chamada delação premiada tem esses problemas, lança nomes. Ainda bem que está no STF (Supremo Tribunal Federal)”, disse, elogiando em seguida o ministro Teori Zavascki, que deve homologar o acordo de delação premiada.

Temer avaliou ainda que as novas denúncias terão efeito “zero” sobre a campanha de Dilma. “Não tem nada a ver com ela”, afirmou. Segundo a revista, Costa não fez acusações a Dilma, mas afirmou que conversava frequentemente com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre assuntos da estatal.

Dilma presidiu o Conselho de Administração da Petrobrás na época da compra da refinaria de Pasadena (EUA). À PF, Costa disse que houve pagamento de propina nesse negócio, que causou prejuízo de US$ 792 milhões à empresa, de acordo com o Tribunal de Contas da União. Em março, o Estado revelou que Dilma votou a favor da compra da refinaria, quando comandava o conselho da estatal. Ela alegou que só aprovou a transação porque recebeu relatório “falho” sobre o assunto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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