Uma semana após ser solto da prisão, o senador Delcídio Amaral (PT-MS) enviou carta na sexta-feira, 26, para os 80 senadores negando que tenha feito “ameaças e constrangimentos” aos seus colegas para evitar eventual cassação de seu mandato parlamentar, como chegou a ser veiculado por alguns órgãos da imprensa.
“Tais notícias são falsas e delirantes! Não condizem com minha conduta de homem e de parlamentar”, afirma Delcídio na carta. “Jamais fiz ou farei ameaças a qualquer pessoa. Em momento algum os signatários dessas notícias procuraram a mim ou a meus advogados para checarem as informações publicadas. Tal conduta, temerária e leviana, fere os princípios do bom jornalismo e merece o meu repúdio veemente”, emendou.
Na carta, Delcídio diz que seu encarceramento, durante 86 dias, o afastou temporariamente da vida familiar, social e política, mas “não me exonerou da coerência e da razão”. “Seria falso dizer que a injustiça não fere, testa a nossa força debilitando o corpo e atormetando o espírito, porém, essas provações não dobraram meu caráter”, afirma.
No texto, o senador diz ainda que “ódio e revanchismo não ocuparam minha imaginação”. “Mantive a serenidade e permaneço fiel aos meus princípios morais que não foram depreciados ou abalados”. Segundo informou ao Broadcast a assessoria de imprensa de Delcídio, ele mesmo redigiu o texto e pediu para que os funcionários de seu gabinete digitassem. Depois de pronto, ele assinou a mão cada uma das 80 cartas.
Com a carta, Delcídio quer convencer os outros senadores a votarem contra a cassação de seu mandato pelo Conselho de Ética do Senado, pedida em representação protocolada pela Rede e PPS, com apoio do DEM e PSDB. Caso perca o mandato, ele perderá o foro privilegiado e, com isso, seu processo será remetido ao juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato na primeira instância.
Delcídio foi preso em novembro de 2015 acusado de tentar atrapalhar as investigações da Operação Lava Jato. O senador ficou 86 dias preso em Brasília, quando ficou afastado do mandato, mas continuou recebendo salários e benefícios. Por conta da prisão, o parlamentar foi suspenso do PT. Ele ainda não retornou às atividades no Senado, pois pediu licença por 15 dias para tratamento médico.