Estadão

Deltan Dallagnol diz que receberá do Novo mesmo salário de deputado

O ex-deputado federal Deltan Dallagnol (Novo-PR), que teve o mandato na Câmara cassado em maio deste ano, afirmou que vai receber do Novo um salário com o mesmo valor de quando era parlamentar. Filiado ao partido desde o último sábado, 30, o ex-procurador da Operação Lava Jato receberá R$ 41 mil mensais.

Em entrevista ao podcast Papo Antagonista nesta terça-feira, 3, o ex-procurador disse que atuará como "embaixador do Novo", cuja função será convocar novos nomes para filiação ao partido.

"Dentro do Partido Novo, a minha função vai ser a de embaixador. Vou chamar pessoas para se unirem a esse time e vou buscar formar lideranças políticas novas, para que a gente possa encher as Câmaras em 2024 e o Congresso Nacional em 2026", disse.

"Vou ser remunerado pelo partido. Sempre fui remunerado por verba pública, como procurador da República e como deputado federal. A questão não é se vou ser remunerado por verba pública, e sim se vai ser feito um serviço com honestidade, com integridade e com um serviço pelo Brasil."

O salário será proveniente do Fundo Partidário. Quando foi criado em 2011, o Novo tinha a diretriz de não utilizar o dinheiro público para suas atividades e propagandeava que esse era o diferencial ante outras siglas. Em fevereiro deste ano, a norma foi abandonada após o baixo desempenho da legenda nas últimas eleições.

Para recrutar o ex-procurador da Lava Jato, a Executiva nacional do partido desconsiderou outra norma que estava no estatuto. O Novo proibia a admissão de brasileiros que "não estejam no pleno gozo dos direitos políticos", que seria o caso do ex-deputado. A esposa de Deltan, Fernanda Dallagnol, também se filiou à sigla. Ela é cotada para disputar a Prefeitura de Curitiba nas eleições do próximo ano.

Procurado pela reportagem, o Novo informou que os dirigentes "que se dedicam de forma integral" e os funcionários do partido recebem salários de acordo com suas funções.

<b>Deltan Dallagnol teve mandato cassado em maio</b>

Deltan Dellagnol teve o mandato cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 16 de maio. A decisão foi baseada na Lei da Ficha Limpa, que proíbe magistrados e membros do Ministério Público de se candidatarem caso tenham pedido de exoneração ou aposentadoria voluntária na pendência de processos administrativos disciplinares (PADs).

Na época em que se candidatou a deputado federal, cargo para o qual foi eleito com com 344.917 votos, o ex-procurador respondia a reclamações administrativas e sindica^ncias no Ministério Público. Ele pediu exoneração da Procuradoria da República no Paraná em 2021, quase um ano antes da eleição de 2022. Segundo o relator do julgamento, o ministro Benedito Gonçalves, Deltan Dallagnol teve a intenção de contornar a Lei da Ficha Limpa de forma "cristalina" e "capciosa".

Em setembro, o ex-procurador desistiu do último recurso no STF para tentar reaver o mandato na Câmara.

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