Estadão

Deltan responde a Gilmar Mendes e acusa ministro de votar em favor de corruptos

O deputado Deltan Dallagnol (Podemos-PR), ex-procurador da
Lava Jato, foi às redes sociais responder às críticas do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes sobre a atuação da força-tarefa. Durante entrevista ao programa <i>Roda Viva</i> na noite desta segunda-feira (8) o ministro afirmou que o combate à corrupção "fora dos marcos legais" ameaçou a democracia, deu origem ao fascismo no País e garantiu a eleição de Jair Bolsonaro a presidente em 2018. Deltan acusou o ministro de votar "sistematicamente em favor da absolvição e anulação de sentenças de corruptos".

"Gilmar Mendes nunca respeitou a liturgia do cargo, vedações da lei da magistratura, regras de suspeição, distanciamento dos réus nem compreendeu o papel do combate à corrupção para a preservação da democracia", afirmou o ex-procurador. "Enquanto procura falhas na Lava Jato, o ministro tenta coar agulhas, mas engole camelos, votando sistematicamente em favor da absolvição e anulação de sentenças de corruptos, contra os votos técnicos de ministros como Edson Fachin. O ministro destila um ódio que mostra o que há em seu coração. Sua mensagem é perversa e avessa ao que é justo, moral e ético. Suas palavras ilustram a inversão de valores que injuriam os brasileiros."

Segundo o agora deputado, que atua no Congresso Nacional alinhado ao ex-juiz Sérgio Moro (União Brasil-PR), antigo titular da Vara de Curitiba onde se concentraram os processos relativos à força-tarefa eleito senador, Gilmar Mendes "precisa explicar" muitas questões sobre sua própria atuação. "O senhor já ligou para redações pedindo a cabeça de jornalistas? Já ligou para universidades pedindo a cabeça de acadêmicos cujo trabalho lhe desagradou? Já ligou para políticos para fazer indicações? Ligou para ministros de outros tribunais para influenciar votos?", escreveu Deltan, negando em seguida que "sua luta" seja contra o ministro.

<b>Críticas de Gilmar à Lava Jato</b>

A troca de acusações entre Gilmar Mendes, Deltan Dallagnol e Moro não é recente. O ministro manifestou restrições ao modus operandi da Lava Jato diversas vezes. A tensão cresceu nas últimas semanas, após a revelação de vídeo em que Moro acusava Gilmar Mendes de vender habeas corpus no STF para liberar réus. O episódio acabou gerando uma denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o ex-juiz por calúnia.

Ao ser questionado sobre o caso na entrevista ao <i>Roda Viva</i>, Gilmar Mendes disse que quem deveria explicar a comercialização de sentenças seria Moro. Gilmar fez questão de citar as acusações similares de que o próprio ex-juiz é alvo. "Eu achei estranho a revelação dessa brincadeira feita exatamente no momento em que Moro está sendo acusado de vendas de decisões por Tacla Duran", afirmou. O processo em torno de Tacla Duran, que atuou como advogado da Odebrecht na Lava Jato, também mira Deltan.

Procurado via assessoria do STF, o ministro Gilmar Mendes ainda não havia se manifestado sobre as declarações do deputado até a publicação desta matéria.

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