A demanda global de carvão atingiu recorde em 2022 no meio da crise energética global, aumentando 4% em termos anuais, para 8,42 bilhões de toneladas, segundo a Associação Internacional de Energia (AIE). Em relatório divulgado nesta sexta-feira, a instituição apontou que espera que a procura global de carvão siga em alta, e cresça ligeiramente (1,4%) tanto nos setores energéticos como outros em 2023, para cerca de 8,54 bilhões de toneladas, renovando o recorde.
Em 2022, o motor de crescimento da demanda pelo material, que aumentou tanto nos setores energéticos como nos outros energéticos, foi mais uma vez a Ásia. Na China, a aumentou 4,6%, ou 200 milhões de toneladas.
Já os Estados Unidos viram a procura de carvão cair 8%, ou 37 milhões de toneladas, mais do que qualquer outro mercado, enquanto o aumento do consumo de 4,3% na Europa foi mais discreto do que muitos temiam, aponta a AIE. Apesar da fraca produção de energia hidrelétrica e nuclear em alguns países europeus, uma economia fraca e um inverno ameno na Europa restringiram o impacto dos picos dos preços do gás natural, o que incentivou alguns a mudarem para o carvão, avalia.
"Em 2023 esperamos que a procura de carvão caia em quase todas as economias avançadas. As maiores quedas no consumo ocorrerão na União Europeia e nos Estados Unidos, onde se esperam quedas anuais recordes de cerca de 20%", aponta a AIE. No entanto, o crescimento na China (cerca de 5%) e na Índia (mais de 8%), bem como na Indonésia, no Vietnã e nas Filipinas – que em conjunto representam mais de 70% da demanda mundial de carvão – mais do que compensará estas reduções no um nível global.
Na China e na Índia, em particular, o aumento do consumo de carvão é impulsionado pelo crescimento robusto da procura de eletricidade e pela baixa produção hidrelétrica, diz a agência.
"Globalmente, esperamos que a procura global de carvão diminua em 2024 e estabilize até 2026, mesmo na ausência de governos que anunciem e implementem políticas mais fortes em matéria de energias limpas e climáticas. Como resultado, o consumo global de carvão em 2026 deverá ser 2,3% inferior ao de 2023 – embora a China tenha a última palavra", projeta a AIE.