O empresário Roger Agnelli disse que não está buscando investidor para seus projetos que estão sendo tocados junto com o BTG Pactual, na mineradora B&A, mas não descarta no futuro parceiros para promover a expansão da fábrica de fertilizantes ou mesmo no projeto de cobre no Chile, quando a companhia revisar os investimentos. No caso da cana, que ainda está em fase de desenvolvimento, pretende negociar a venda a matéria-prima para usinas.
Fontes afirmaram ao jornal O Estado de S.Paulo que o BTG já não estaria mais interessado em investir em mineração, pela má fase do setor. “Acho que tanto eles quanto eu! Temos de passar por esse ciclo (de baixa). Não está na hora de alocar mais capital por conta do modelo. Sou otimista. Acho que em quatro a seis meses a gente tem uma ideia melhor (dos rumos do setor). Tem gente que acha que só em dois anos clareia. Estamos felizes? Não. Tem de respeitar o mercado. Eles (o BTG) acompanham bastante o desenvolvimento de vários projetos”.
Questionado sobre qual o horizonte para se repensar o projeto do Chile, ele diz que “no Chile, estamos esperando. Tem reserva, está confirmada, auditada e certificada. Toda a estrutura está pronta. A hora que a gente quiser começar, está pronto”.
Sobre fertilizantes, se pretende procurar investidores para expandir o projeto, o executivo declara que “o projeto é pequeno e temos um produto (insumo à base de fosfato) muito bom. Não incomoda ninguém”.
Sobre o início e retorno, Agnelli diz que “só ano que vem. É pequeno, mas um bom projeto”.
Quanto ao prazo para pagar os investimentos já feitos, informou que “é um projeto que se paga rápido. Uns quatro anos. Podemos até, talvez, dobrar o projeto em dois ou três anos”. Sozinho ou com outros sócios, diz que “depende. Pode ter outros investidores”.
O BTG é basicamente o investidor financeiro, “nós somos o parceiro operacional. Está demorando mais do que eu achava esse ajuste de ciclo (de minério). É normal. Temos pouco mais de 10% do capital e, o BTG, o restante”.
Sobre se o setor de mineração vai demorar para se recuperar, ele argumenta que “o mundo cresceu, a demanda continua forte por commodities, de modo geral. O Brasil é essencialmente produtor de commodity e vai continuar exportando muita carne, papel e celulose, grãos, exportando minérios de ferro. O País é muito competitivo e a desvalorização do dólar ajuda esses setores. O Brasil deveria focar mais nesses setores, que são competitivos e têm demanda firme. Não teve queda muito grande na demanda (global) para justificar essa queda de preço. O que houve é volatilidade no mercado financeiro, das moedas, volatilidade também, eu diria, de percepção de crescimento. Muitos grupos (de mineração) que não são muito competitivos não se viabilizam com preços atuais (do minério de ferro). Vão ter de se ajustar, reduzir custo, apostar em inovação, produtividade, revisar processos”.
Agnelli diz ainda que “o Brasil, infelizmente, vai ter de passar por alguns ajustes. Mas, se os preços das commodities se recuperarem, vai ser muito mais fácil para o País”.
Para 2016, “acho que o (projeto) de bioenergia pode ser mais rápido. As usinas não estão investindo, não renovaram os canaviais. Os preços internacionais do açúcar subiram, a demanda por etanol está mais firme. O setor está se revigorando. A cogeração de energia tem potencial para avançar e o governo quer impulsionar energia renovável”.
Quanto ao governo ter dado alguns incentivos, como a retomada da Cide (imposto sobre combustível), “não podemos desprezar esse importante setor da economia brasileira, que tem as melhores intenções de redução de emissão de gás carbônico”.
Questionado se a crise política e econômica pela qual o País passa pode atrasar esse processo, ele diz que “não só o Brasil, mas o mundo inteiro está passando por um processo de se repensar de alguma forma. A geopolítica está mudando, os líderes estão mudando. O Brasil tem de passar por esse processo, fazer reformas. Os ajustes, talvez, pudessem ser menos custosos. O fato é que o Brasil precisa se modernizar, fazer as reformas, os ajustes, pagar a conta do que ficou para trás. Assim como os países da Europa estão pagando a conta, assim como a China, que está nesse processo de evolução para uma economia mais aberta. O mundo está passando por um processo mais interessante. É claro que passamos por erros e acertos, mas tem de ter ajuste de contas. Nem sempre os investimentos que apostamos dão certos. Mas empreendedorismo é risco. Temos de correr esse risco”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.