A demanda global por petróleo deve avançar a níveis pré-pandemia no próximo ano, após três anos de <i>lockdowns</i> pela covid-19 e o choque econômico da guerra na Ucrânia, afirmou nesta quarta-feira a Agência Internacional de Energia (AIE). Boa parte do crescimento na demanda será puxado pela China, enquanto economias em desenvolvimento devem enfrentar piora na perspectiva econômica e inflação elevada.
A AIE espera que o crescimento da oferta fique atrás do avanço na demanda, pressionando um mercado já apertado, com um déficit de 500 mil barris por dia (bpd) projetado para 2023, após um superávit de 400 mil bpd no ano atual. Produtores dos EUA devem aumentar a oferta no próximo ano, enquanto os membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) devem continuar a enfrentar dificuldades para cumprir suas metas de produção.
A demanda por petróleo aumentará 2,2 milhões de bpd em 2023, a 101,6 milhões de bpd. Com isso, estará acima de seus níveis de 2019 pela primeira vez desde o início da pandemia, segundo a agência sediada em Paris. É a primeira vez que ela oferece projeções para 2023 em seu relatório mensal.
Os países desenvolvidos na Europa e na América do Norte contribuíram para a maior parte do avanço na demanda em 2022. No próximo ano, países menos desenvolvidos, que não são da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), devem ser responsáveis por 80% do crescimento na demanda em 2023, segundo a entidade.
A China deve ter crescimento na demanda por petróleo de 930 mil bpd em 2023, ajudando-a a se estabelecer de novo como "o motor primário do crescimento global na demanda por petróleo". Com expectativa de reação nas viagens internacionais, a demanda por combustível de avião deve avançar 990 mil bpd em 2023, diz ainda a AIE.
Os produtores de petróleo, porém, devem ter dificuldade de atender ao rápido avanço na demanda. A AIE espera que a oferta global de petróleo avance 1,3 milhão de bpd em 2023, a 101,1 milhões de bpd, com um déficit de 500 mil bpd no mercado.
Problemas na oferta geraram um déficit de 2,8 milhões de bpd no mês passado entre a meta da Opep+ e sua produção de fato, afirmou nesta quarta a AIE. Para ela, os problemas do grupo devem continuar em 2023. A agência prevê que a produção da Opep+ recuará 500 mil bpd em 2023, a 51,1 milhões de bpd. Já a oferta de fora da Opep+ deve aumentar 1,8 milhão de bpd, a 50 milhões de bpd em 2023. Em 2022, a produção de fora da Opep deve crescer 800 mil bpd, a 65,3 milhões de bpd.
Para o ano atual, a AIE manteve sua projeção para a demanda inalterada, em 99,4 milhões de bpd. Em 2019, antes da pandemia, ela estava em 100,4 milhões de bpd. A AIE ainda elevou sua projeção para a oferta em 2022 em 600 mil bpd, a 99,8 milhões de bpd. Além disso, cortou projeções para a demanda por petróleo no terceiro trimestre, em 300 mil bpd, e no quarto trimestre, em 100 mil bpd.