O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, afirmou nesta quinta-feira, 8, que a demanda no mercado de trabalho dos Estados Unidos ainda está "forte, muito forte". Para exemplificar, mencionou que o país ainda está criando novos empregos em um "ritmo alto" e que os salários também seguem em um "patamar elevado".
Na semana passada, o relatório de trabalho nos EUA, o chamado payroll, apontou para a criação de 315 mil empregos em agosto no País, ante uma expectativa de mediana de 300 mil vagas, conforme o Projeções Broadcast.
O foco do Fed, disse Powell, por meio das elevações de juros para controlar a inflação, é fazer com que o mercado de trabalho norte-americano retome um "melhor equilíbrio" e que os salários sejam compatíveis à uma inflação de 2% ao ano.
"Por meio de nossas intervenções, o que esperamos alcançar é um período de crescimento abaixo da tendência, o que fará com que o mercado de trabalho volte a um melhor equilíbrio, e que traga os salários de volta aos níveis que são mais consistentes com uma inflação de 2% ao longo do tempo", disse ele, durante participação na 40ª Conferência Anual Monetária do Cato Institute.
Powell afirmou ainda que o choque na oferta de mão de obra durante a pandemia foi "grande e inesperado" e "infelizmente persistente". Ao comentar sobre o último payroll, disse que houve um aumento bem-vindo na participação da força de trabalho. "No entanto, ainda está um ponto porcentual abaixo de onde estava antes da crise", acrescentou.
Por fim, o presidente do Fed afirmou que é importante que os EUA como sociedade tenha medidas em vigor para apoiar um mercado de trabalho forte e uma alta participação da força de trabalho que vá além do que é possível fazer com a política monetária.
<b>Balanço de ativos</b>
Ao comentar sobre o balanço de ativos do Federal Reserve, engordado durante a pandemia, o presidente da autoridade monetária, Jerome Powell, afirmou que o plano para o seu enxugamento, iniciado em junho, pode ser revisto se necessário.
A cifra foi quadruplicada após a crise financeira de 2008 e, novamente, dobrou de tamanho durante a turbulência gerada pela covid-19, segundo ele. "Como parte de nossa resposta à pandemia, recorremos a grandes compras de ativos para resolver o que eram interrupções bastante graves nos mercados e também para apoiar a economia, e o nosso balanço se expandiu drasticamente", lembrou.
Depois de começar a reduzi-lo em junho, o Fed deve elevar a desova de ativos de seu balanço neste mês. "Uma coisa que sempre dizemos é que estamos preparados para ajustar os detalhes do plano com base nos desenvolvimentos econômicos e de mercado a qualquer momento, tanto quanto retornar a um regime de reservas escassas", explicou.
Powell disse, porém, que não vê razão para voltar às reservas escassas. Esse quadro seria mais desafiador no contexto atual, conforme ele, porque o mundo realmente mudou como resultado da crise financeira global e da pandemia. "Os bancos centrais podem precisar voltar a comprar ativos em grande escala de tempos em tempos, em resposta a choques severos", afirmou, alegando que o sistema atual é líquido e funciona bem.
<b>Política fiscal</b>
O presidente do Federal Reserve enfatizou a importância de os Estados Unidos retomarem uma rota sustentável de sua política fiscal. Na sua visão, ela está fora do eixo há tempos e a pandemia mostrou que é necessário manter as contas públicas em ordem. "A política fiscal (dos EUA) não está em um caminho sustentável, e realmente não está há algum tempo. E precisaremos voltar a um caminho sustentável mais cedo ou mais tarde", disse. "Mais cedo é melhor do que tarde", acrescentou.
Ele ponderou, entretanto, que a política fiscal é de responsabilidade do Congresso e que não seria apropriado comentar muito sobre propostas ou leis específicas.