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Denúncias de assédio atingem figuras amadas da indústria, como Dustin Hoffman

Está virando uma bola de neve, incontrolável. Novas denúncias de abuso sexual atingiram nos últimos dias figuras das mais respeitadas na indústria do entretenimento. Kevin Spacey, Dustin Hoffman. Tudo começou no início de outubro com a acusação a Harvey Weinstein. Um produtor, mesmo tão conhecido no Oscar como ele, tende a ser uma figura mais distante do público. E, depois, produtores sempre foram figuras autoritárias, polêmicas. Darryl Zanuck, na Fox, barrou quanto pôde o desenvolvimento da carreira de Marilyn Monroe, tentando mantê-la como escort (acompanhante) de figurões do estúdio.

Hollywood sempre fez piada do apetite de seus lendários produtores. Logo no começo de Um Convidado Bem Trapalhão, de Blake Edwards, quando Peter Sellers destrói o set, o produtor irado, precisando relaxar, carrega para dentro do trailer a gostosa de plantão. Ninguém reparava nessas coisas quando o filme foi feito, em 1968. Era engraçado, e p(r)onto. O mundo mudou e, em fase de empoderamento, essas coisas não são mais aceitas. O Sindicato dos Produtores tratou logo de expulsar Harvey Weinstein, tratando-o de indesejável, e Bob Weinstein, certamente tentando salvar a firma, até admitiu que sempre soube das transgressões, mas disse que exortava o irmão a buscar tratamento. Logo surgiu, na lista dos assediadores, o nome de James Toback. James quem? É diretor de um filme cultuado – Fingers, de 1978 -, mas aos olhos do público é ninguém. Mesmo assim, mais de 300 mulheres o acusaram de agressão sexual. 300!

A coisa está saindo de controle. Agora são figuras queridas do público que estão na mira. Aonde isso vai parar? As novas acusações de assédio e abuso estão devastando Hollywood. E o leque começa a se abrir. Kevin Spacey nem se lembra de haver assediado o ator Anthony Rapp, da série Star Trek, que na época teria 14 anos, mas aproveitou para elogiar o colega como muito talentoso e, ainda, para sair do armário. Sim, Telma, ele é gay. Spacey, num período muito curto, virou uma instituição. Ganhou duas vezes Oscar – melhor coadjuvante por Os Suspeitos, melhor ator por Beleza Roubada – e não sei quantos Emmys, o Oscar da TV, pelo Frank Underwood da série House of Cards. Danou-se! A Netflix suspendeu a produção da sexta e última temporada da série até segunda ordem, e muita gente acredita que será para sempre. Spacey era ótimo, mas fazia um personagem – um político! – que é um demônio. A acusação de Rapp poderia ter sido feita diretamente a Underwood. Motivou um desabafo do ator mexicano Roberto Cavazos em sua página no Facebook.

Cavazos escreveu que Spacey era diretor artístico do The Old Vic Theater, em Londres, quando tentou apalpá-lo, no bar da casa. Um porta-voz do teatro manifestou “profundo mal-estar” ante as acusações e frisou que “é absolutamente inaceitável o comportamento impróprio de qualquer um que trabalhe no The Old Vic”. Dustin Hoffman? Como Benjamin Braddock (A Primeira Noite de Um Homem), Tootsie ou Rain Man, Hoffman é um dos astros mais amados de Hollywood. Também recebeu duas vezes o Oscar – como melhor ator – por Kramer Vs. Kramer e Rain Man. Olhem o choque. A colunista Anna Graham Hunter afirmou nesta quarta-feira, 1.º, no The Hollywood Reporter, que Hoffman, atualmente com 80 anos, apalpou-a no set de gravações do telefilme A Morte do Caixeiro Viajante, adaptado da peça de Arthur Miller, quando ela era uma estagiária, em 1985.

Imediatamente, Hoffman divulgou uma declaração na qual se desculpa com Anna por qualquer coisa que a tenha deixado desconfortável. “Sinto muito. Isso não reflete quem eu sou”, afirma o veterano ator. Outro denunciado na edição de ontem do The Los Angeles Times por conduta inapropriada foi Brett Rattner. A atriz Olivia Munn acusou o diretor de Ladrão de Diamantes de se masturbar na sua frente quando o visitou em seu trailer, no set. A Warner, que tem contrato com a empresa de Rattner, já anunciou que está revendo a situação. O grande medo é que tudo isso – as denúncias – seja apenas o começo. Hollywood está em pânico.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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