A síndrome da Casa Civil ataca novamente. Mais uma vez, o ministro que chefia uma das pastas mais importantes do governo federal está sob suspeição. Desta vez, Antonio Palocci, o homem forte da presidente Dilma Roussef aparece acusado de enriquecimento rápido, durante os quatro anos em que permaneceu como deputado federal, entre 2007 e 2010, após ter deixado o governo, após o escândalo do Mensalão. Na época, outro ministro da Casa Civil, o também forte José Dirceu não resistiu às denúncias e foi obrigado, por força da opinião pública, a abandonar o barco do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A Casa Civil então foi ocupada por Dilma Roussef, que passou a ser preparada para suceder Lula. Só deixou o cargo em 2009, já para entrar na campanha vitoriosa à Presidência. Deixou em seu lugar uma pessoa de extrema confiança, Erenice Guerra, que acabou afastando-se do cargo no auge da disputa presidencial, igualmente envolvida em um escândalo que acabou não sendo devidamente apurado, pela própria força que o PT, partido no poder há quase oito anos e meio, tem junto ao Congresso Nacional.
Com a vitória de Dilma, Palocci renasceu das cinzas, justamente por ter sido um fiel escudeiro da ministra durante toda a campanha eleitoral. Ganhou assim o ministério mais importante do governo. Nem seis meses se passaram da posse e uma reportagem publicada domingo pela Folha de S.Paulo coloca em xeque Palocci e, dependendo das investigaçõe, o próprio governo Dilma. O enriquecimento do ministro se deu pelo sucesso meteórico que sua empresa conquistou em apenas quatro anos de mercado.
Conforme reportagens publicadas nesta sexta-feira, a empresa prestou consultoria a pelo menos uma grande construtora que manteve negócios com o governo federal, no mesmo período em que Palocci se mantinha próximo ao poder.
Como não deveria ser diferente, os partidos de oposição ao governo, apesar de serem minoria no Congresso, querem uma investigação sobre o tema. Por mais que o Planalto tente blindar Palocci, é de se esperar que novas revelações – pelas evidências apresentadas até aqui – culminem até na abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito. Se esse mecanismo realmente for acionado, muitas outras feridas poderão ser expostas. Infelizmente, apesar de necessária a investigação, temas importantes ao país ficarão em segundo plano. Ou seja, todos podem sair perdendo.