O depoimento do general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), na investigação sobre o aparelhamento da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) foi adiado.
Ele seria ouvido nesta terça-feira, 6, na sede da Polícia Federal em Brasília, mas a defesa pediu para ter acesso aos autos e quer prazo para analisar os documentos do inquérito. Uma nova data ainda será definida.
A Abin fez parte da estrutura administrativa do GSI enquanto Heleno esteve no cargo. A agência passou para o guarda-chuva da Casa Civil em março de 2023, já no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A Abin é o principal órgão do sistema de inteligência federal e tem como atribuição produzir informações estratégicas sobre temas sensíveis, como ameaças à democracia e às fronteiras, segurança das comunicações do governo, política externa e terrorismo. Para a PF, a agência foi instrumentalizada no governo Jair Bolsonaro (PL) e usada para atender interesses privados do grupo político do ex-presidente.
A Polícia Federal acredita que aliados de Bolsonaro infiltrados na Abin faziam parte de um grupo mais amplo responsável por uma espécie de serviço clandestino de "contrainteligência".
<b>Vejas as suspeitas levantadas pela PF sobre a Abin no governo Bolsonaro:</b>
– Monitoramento ilegal de parlamentares de oposição ao governo Bolsonaro por meio do software First Mile, que acessa a geolocalização de celulares em tempo real;
– Auxílio na defesa do senador Flávio Bolsonaro e de Jair Renan, filhos do ex-presidente, em investigações criminais;
– Ataque às urnas eletrônicas;
– Levantamento de informações sigilosas sobre inquéritos de interesse da família Bolsonaro;
– Uso ilegal de ferramentas de espionagem, inclusive programas para invasão de computadores;
– Tentativa de ligar os ministros Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, ao PCC;
– Uso indevido do aparato de inteligência para monitorar uma promotora de Justiça do Rio que investigou o assassinato da vereadora Marielle Franco.