A cúpula do Brics terminou nesta quinta-feira, 24, com a expansão do bloco, que ganhará seis novos membros: Arábia Saudita, Argentina, Emirados Árabes, Egito, Irã e Etiópia. Um dos resultados inesperados do encontro, porém, foi o apoio da China a uma reforma do Conselho de Segurança da ONU.
Os líderes dos cinco membros do Brics – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – assinaram um documento que pede uma reforma abrangente nas Nações Unidas e reconhece a aspiração legítima de brasileiros, indianos e sul-africanos de ocupar um assento no órgão da ONU. Rússia e China já são membros permanentes com direito a veto.
Historicamente, a China mantém uma posição ambígua sobre a reforma do Conselho de Segurança. Pequim se opõe à inclusão de novos membros permanentes, mostrando uma animosidade especial com relação a seus rivais regionais, Índia e Japão – por isso, os chineses optam sempre por declarações dúbias ou pouco claras sobre como a expansão poderia ser feita.
<b>Defesa</b>
A China defende a inclusão de até dez outros membros eleitos para aumentar a representação de todas as regiões. A diplomacia chinesa gosta da ideia de ter mais países do Sul Global, principalmente da África, onde sua força geopolítica vem crescendo. Mas, ao mesmo tempo, Pequim tem usado seu peso político para bloquear textos que possam levar avanço às reformas.
A declaração final de Johannesburgo, portanto, foi um passo à frente da China. O texto ainda é carregado de imprecisões: "Os cinco membros apoiam uma reforma abrangente da ONU, incluindo do seu Conselho de Segurança, para fazê-lo mais democrático, representativo, efetivo e eficiente", diz o documento.
No entanto, ele contém trechos mais específicos, que agradaram ao governo brasileiro. "A declaração apoia as aspirações legítimas de países emergentes e em desenvolvimento de África, Ásia e América Latina, incluindo Brasil, Índia e África do Sul, de ter um papel mais ativo em assuntos internacionais, em particular na ONU e no Conselho de Segurança", afirma o texto.
A mudança, ainda que sutil, veio após o Brasil articular com a África do Sul a expansão do Brics, um objetivo perseguido por Pequim, em troca de uma linguagem mais certeira da China em apoio à reforma do Conselho de Segurança da ONU.
<b>Negociação</b>
Na prática, porém, a promessa chinesa tem pouco impacto, já que observadores internacionais consideram uma reforma do órgão pouco provável no curto prazo – enquanto a ampliação do Brics tem efeito imediato. O caminho está aberto para Arábia Saudita, Emirados Árabes, Argentina, Irã, Egito e Etiópia, os seis que aderiram ontem. "O que está em jogo não é o governo, mas a importância do país", disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sobre a expansão.
A escolha dos países se deu por meio de uma lista, atendendo a critérios políticos e de representatividade populacional, econômica e regional. O Brasil não fez uma lista, mas trabalhava a favor da Argentina, apesar da instabilidade política e da crise econômica. "Não quero saber que pensamento ideológico tem o governante. Quero saber se o país cumpre os critérios que estabelecemos para fazer parte do Brics", afirmou Lula, sem dizer quais seriam os critérios.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>